SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deslizamento de terra que atingiu vilarejos no norte de Papua-Nova Guiné, na Oceania, na última sexta-feira (24) pode ter deixado mais de 670 mortos, afirmou a OIM (Organização Internacional para as Migrações) das Nações Unidas neste domingo (26).
A estimativa da agência da ONU (Organização das Nações Unidas) mais do que dobra as projeções indicadas no sábado (25) por Aimos Akem, membro do Parlamento nacional ao jornal Papua New Guinea Post Courier, ele mencionou que mais de 300 pessoas estariam soterradas.
A diferença ocorre, segundo a OIM, porque a dimensão da destruição ainda não é totalmente conhecida, e o ambiente perigoso tem dificultado a busca de vítimas.
“As rochas estão caindo, o solo ainda está deslizando e rachando devido à pressão constante e a água subterrânea está correndo. Portanto, a área representa um risco extremo para todos”, afirmou em comunicado Serhan Aktoprak, diretor da agência em Papua-Nova Guiné.
Até a tarde deste domingo, cinco corpos tinham sido resgatados dos escombros em uma região na qual mais de 50 casas foram destruídas, segundo o escritório da ONU. “As pessoas estão usando pedações de pau para cavar, pás, além de ferramentas agrícolas para remover os corpos enterrados.”
A estimativa da OIM se baseia nas informações fornecidas por autoridades da Vila de Yambali, que afirmam que mais de 150 casas foram soterradas. Segundo o Departamento de Assuntos Exteriores e Comércio da Austrália, mais de seis vilas foram impactadas na região de Maip Mulitaka, na província de Enga (a cerca de 600 km ao norte da capital, Port Moresby).
Yambali tinha quase 4.000 habitantes e era uma base comercial para pessoas que extraem ouro das montanhas da região. Teme-se que pessoas com até 15 anos sejam a maioria das vítimas, já que a comunidade local era relativamente jovem, segundo a agência.
Imagens publicadas pela imprensa local mostram uma enorme quantidade de pedras e de terra que caíram de uma colina, e dezenas de pessoas cavando entre as rochas e tentando ouvir sons de possíveis sobreviventes.
O deslizamento atingiu um trecho de uma rodovia perto de uma mina de ouro operada pela empresa Barrick Gold em parceria com uma companhia chinesa Zijin Mining. A estrada permanecia bloqueada, e só era possível chegar à mina e a outras áreas remotas da província de Enga por helicóptero.
A equipe de engenharia das Forças de Defesa da Papua-Nova Guiné trabalham no local, mas equipamentos necessários para os resgates, como escavadeiras, ainda não chegaram.
O governo planeja estabelecer dois abrigos, um de cada lado da região atingida pelo deslizamento, para os sobreviventes. Segundo a OIM, mais de 250 casas foram abandonadas pelos moradores, que buscaram abrigo temporário com parentes e amigos, e cerca de 1.250 pessoas foram deslocadas.
Ainda no sábado, o grupo humanitário Care Austrália afirmou que quase 4.000 pessoas foram impactadas pelo incidente, mas que o número de afetados pode ser maior, já que a área é um local de refúgio para os deslocados por conflitos nos arredores.
Em fevereiro, pelo menos 26 homens foram mortos na província de Enga em uma emboscada. O contexto de violência tribal levou o premiê James Marape a conceder poderes de prisão ao Exército do país
“Mais casas podem estar em risco se o deslizamento de terra continuar descendo a montanha”, disse o grupo em comunicado.
Ainda neste domingo, o Itamaraty emitiu um comunicado sobre a tragédia. “O governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, dos deslizamentos de terra ocorridos na província de Enga, no noroeste da Papua-Nova Guiné, que vitimaram centenas de pessoas.”
“Ao expressar condolências às famílias das vítimas e votos de plena recuperação aos atingidos, o governo brasileiro transmite sua solidariedade ao governo e ao povo papuásio”, diz a nota.
Redação / Folhapress