SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As Nações Unidas lançaram uma investigação nesta terça-feira (14) para apurar as circunstâncias do ataque a um carro da organização na Faixa de Gaza que deixou um funcionário morto e outro ferido. Trata-se da primeira morte de um membro estrangeiro da entidade desde o início da guerra, há sete meses.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pela facção, pelo menos 260 trabalhadores humanitários perderam a vida nesse conflito que pode ser um dos mais mortais já registrados para aqueles que atuam no apoio a civis em zonas de combate.
“A investigação está em estágio inicial, e os detalhes do incidente ainda estão sendo verificados com o Exército de Israel”, disse Farhan Haq, porta-voz do secretário-geral da ONU, ao anunciar um painel de investigação para determinar a responsabilidade pelo ataque. Segundo ele, atualmente há 71 membros internacionais das Nações Unidas em Gaza.
O que morreu após o veículo da ONU ser alvejado era um militar aposentado do Exército indiano chamado Waibhav Anil Kale. Ele trabalhava no Departamento de Segurança e Proteção da ONU e estava a caminho do Hospital Europeu, em Rafah, junto com um colega palestino que também ficou ferido no ataque.
“Mais de 190 funcionários da ONU foram mortos em Gaza. Os trabalhadores humanitários devem ser protegidos. Condeno todos os ataques ao pessoal da ONU e reitero o meu apelo urgente a um cessar-fogo humanitário imediato e à libertação de todos os reféns”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, na última segunda (13), após o incidente.
Nesta quarta (15), o Ministério das Relações Exteriores da Índia disse que suas missões diplomáticas estavam em contato com autoridades para falar sobre a investigação e ajudando a repatriar os restos mortais de Kale.
Em meio às movimentações para tentar apurar esse ataque, o Exército de Israel divulgou imagens de drone que mostram homens armados perto de veículos com o logo da ONU e de um complexo da organização na cidade de Rafah, no sul de Gaza. Não se sabe as circunstâncias em que as imagens foram feitas.
A agência de notícias Reuters localizou as imagens comparando prédios, postes, grades, tanques e vegetação com imagens de satélite e de arquivo, mas não conseguiu verificar a data em que foram filmadas ou a identidade dos homens armados.
O Estado judeu pediu que a entidade investigue as imagens, e um porta-voz da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, disse estar examinando as imagens e afirmou que compartilhará informações assim que estiverem disponíveis.
As críticas de Israel à agência se intensificaram após a guerra. Em janeiro, autoridades israelenses acusaram 190 funcionários da UNRWA de envolvimento direto ou indireto nos atentados terroristas do Hamas em 7 de outubro. Três meses depois, porém, uma investigação independente liderada por Catherine Colonna, ex-chanceler da França, afirmou que Tel Aviv ainda não apresentou provas de ligação dos funcionários com organizações terroristas.
Na quinta-feira passada (9), a tensão escalou após a UNRWA anunciar ter fechado sua sede em Jerusalém Oriental depois de “extremistas israelenses”, segundo a agência, incendiarem duas vezes uma área externa do complexo.
Redação / Folhapress