SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ocha, escritório para assuntos humanitários da ONU, voltou a publicar na quarta-feira (15) apenas o número total de palestinos mortos pela ofensiva israelense na Faixa de Gaza em seus boletins sobre a guerra no Oriente Médio.
No mais recente informe, de número 166, são reportados 35.233 palestinos que morreram desde 7 de outubro de 2023 (início da guerra), segundo dados do Ministério da Saúde palestino, controlado pela facção terrorista Hamas.
O boletim 165, lançado na segunda-feira (13), havia provocado controvérsia ao trazer um recorte diferente do número de mulheres e crianças mortos no conflito. Primeiramente, citava que o “balanço geral de vítimas supostamente inclui mais de 14 mil crianças e 9 mil mulheres”.
Na sequência, o Ocha dizia que o Ministério da Saúde “documenta a identificação completa de vítimas e publicou recentemente o destrinchamento de 24.686 dentre 34.622 fatalidades para as quais há dados completos até o dia 30 de abril”. Desses 24.686 (ou seja, 10 mil a menos que a cifra geral), de acordo com a pasta, 7.797 seriam crianças; 4.959, mulheres; 1.924, idosos; 10.006, homens.
A Folha de S.Paulo questionou a ONU sobre a omissão do número de mulheres e crianças mortas do boletim desta quarta-feira. Até o momento, o organismo multilateral não respondeu à reportagem.
Ao jornal The New York Times Farhan Haq, um porta-voz da ONU, afirmou que o motivo da discrepância presente nos boletins é que o Ministério da Saúde tinha pausado a divulgação de análises detalhadas por gênero e faixa etária. O Ocha passou, assim, a usar os números de mortos de crianças e mulheres divulgados por outras fontes, no caso o Escritório de Imprensa de Gaza e a Defesa Civil Palestina. Até que, no dia 30 de abril, a pasta voltou a publicar o relatório, e ele foi novamente citado.
Segundo o Ocha, porém, o Escritório de Imprensa e a Defesa Civil não exigem que os corpos sejam identificados para contabilizá-los. Por isso, incluem em suas estimativas de mulheres e crianças mortas também pessoas desaparecidas ou sob escombros, que segundo as suas contas totalizariam cerca de 10 mil. Já o Ministério da Saúde, de acordo com o New York Times, tem como fontes primárias necrotérios e hospitais.
Apesar de explicada no boletim -que teve um trecho retificado, adicionado ou revertido após sua publicação, segundo indica um asterisco-, a diferença de contagens deu munição aos que questionam a credibilidade dos dados das vítimas divulgados pelas autoridades de Gaza.
Afinal, mortes de mulheres e de crianças são vistas como uma indicação importante, embora incompleta, de quantos civis foram mortos, uma questão que está no cerne da crítica à conduta de Israel na guerra.
Várias autoridades israelenses já contestaram a lisura da contagem. Um porta-voz do Exército de Israel, tenente-coronel Nadav Shoshani, queixou-se de que a pasta da Saúde de Gaza não faz distinção em seus números entre civis e militantes do Hamas. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, chamou os novos números de “a ressurreição milagrosa dos mortos em Gaza”.
Redação / Folhapress