SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A oposição da Coreia do Sul venceu as eleições legislativas, realizadas esta quarta-feira (10), e aumentou seu número de deputados, segundo as pesquisas de boca de urna. O cenário cai como uma bomba para o presidente do país asiático, o conservador Yoon Suk-yeol.
O Partido Democrático (PD), principal legenda de oposição, e seus aliados conquistariam entre 184 e 197 cadeiras de um total de 300 na unicameral Assembleia Nacional, contra 156 atualmente. O Partido Poder Popular, de Yoon, e um grupo aliado conquistariam de 85 a 99 cadeiras, abaixo das 114 na legislatura em fim de mandato.
Ainda segundo a pesquisa, o partido Reconstruindo a Coreia, fundado recentemente e liderado pelo ex-ministro da Justiça Cho Kuk, conseguiria entre 12 e 14 cadeiras. Esse grupo poderia estabelecer uma aliança com o PD, o que daria à oposição a maioria absoluta de mais de 200 cadeiras.
Os membros do Partido Democrata explodiram em aplausos quando os resultados da votação foram anunciados. Líder da sigla, Lee Jae-myung disse que iria “assistir até o fim com um coração humilde”.
O resultado é considerado como um golpe duro para o presidente. Com 200 votos, a oposição poderia anular vetos, alterar a Constituição ou tentar destituir o presidente.
Segundo analistas, o atual líder ficaria enfraquecido para os últimos dois anos de mandato e sem capacidade de promover as medidas conservadoras.
Yoon venceu as eleições presidenciais de 2022 por pequena margem. No poder desde então, estabeleceu uma política de linha dura com a Coreia do Norte, reforçou a aliança com os Estados Unidos e se aproximou do Japão, a ex-potência colonial com a qual a Coreia do Sul mantém divergências históricas.
Mas desde o início do mandato, Yoon teve índices de aprovação abaixo de 30%. A impopularidade é resultado da “ausência de progressos reais nas questões políticas e econômicas internas”, disse à AFP Andrew Yeo, cientista político da Universidade Católica da América.
“Os preços e a inflação continuam altos, a moradia é cara e a polarização política continua elevada”, disse.
O tom da campanha também afastou muitos eleitores. Foi marcado por pouco debate político e muitas frases de efeito, acompanhado por uma onda de discursos de ódio e desinformação.
Yoon também foi afetado pela divulgação de um vídeo, com imagens registradas por câmeras escondidas e que mostram a primeira-dama, Kim Keon Hee, aceitando uma bolsa de luxo Dior avaliada em US$ 2.200 (cerca de R$ 11 mil).
O presente viola as leis sul-coreanas que proíbem os funcionários públicos e seus cônjuges de receber qualquer objeto de valor superior a US$ 750 (R$ 3.770).
Yoon chamou o vídeo de “armação política” e afirmou que sua esposa só aceitou a bolsa porque era incômodo recusar o presente.
Os resultados oficiais não deverão ser divulgados antes das primeiras horas de quinta-feira (11), mas as sondagens de boca-de-urna em eleições anteriores deram um reflexo bastante preciso dos resultados.
Redação / Folhapress