SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Grupo Orizon e a Gás Verde anunciaram a criação de duas empresas para construir e operar plantas de produção de biometano em aterros sanitários de São Gonçalo e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. O objetivo da aliança, chamada de joint venture, é aumentar a oferta desse gás obtido do lixo, atendendo a um mercado onde a demanda supera a capacidade atual.
Cada planta terá capacidade para produzir até 100 mil metros cúbicos de biometano por dia. Ambas pretendem concluir o plano de negócios em até quatro meses, quando será definido o valor do investimento, a depender das tecnologias escolhidas.
O biometano, produzido a partir de resíduos orgânicos em aterros e usinas, é uma alternativa renovável aos combustíveis fósseis. O gás abastece indústrias, veículos e postos de combustíveis, reduzindo emissões de carbono. Com forte impacto na descarbonização de operações industriais e frotas, o biogás atrai empresas alinhadas à transição energética.
Produção ainda insuficiente para a demanda
O Brasil produz atualmente cerca de 400 mil metros cúbicos de biometano por dia, enquanto o mercado nacional pode atingir 2,15 milhões de metros cúbicos diários até 2028. A Gás Verde, produtora brasileira de gás renovável, responde por 160 mil metros cúbicos dessa produção e projeta triplicar sua capacidade até o final da década.
A ampliação é uma tentativa de atender ao setor industrial e a empresas que buscam descarbonizar suas operações. Grandes consumidores, como Ambev, Nestlé e L’Oréal, já utilizam o biometano em substituição a combustíveis fósseis, tanto em processos industriais quanto no abastecimento de frotas.
“Vamos ampliar a oferta de biometano para o mercado, que já enxerga no biometano a solução eficaz para descarbonização da indústria e de frotas leves e pesadas”, afirmou o CEO da Gás Verde, Marcel Jorand.
A produção prevista nas novas plantas deve reforçar a presença do gás em mercados onde a pressão por alternativas sustentáveis é crescente.
Com essa expansão, a Gás Verde também planeja inaugurar em 2025 uma planta de produção de CO2 verde no estado do Rio de Janeiro, que deve atender indústrias como alimentos e bebidas.
Já a Orizon, especializada em valorização de resíduos, sinaliza que o modelo de parceria com a Gás Verde poderá ser replicado em outros estados e aterros operados pelo grupo. Recentemente, a empresa fechou novos acordos, como o contrato com a Edge para biometano no Ecoparque de Itapevi e o fornecimento do gás produzido em Tremembé para a Neogás, com garantia da Ultragaz.
A Orizon opera atualmente 17 ecoparques em 12 estados brasileiros, com capacidade estimada de geração de 2,7 milhões de metros cúbicos de biogás por dia. A experiência da empresa inclui iniciativas como a Biometano Verde Paulínia, desenvolvida em parceria com a Edge, que transforma biogás em biometano no Ecoparque de Paulínia (SP).
GUSTAVO GONÇALVES / Folhapress