Otan aumenta presença no mar Negro contra a Rússia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos, anunciou nesta quarta (26) que irá aumentar os voos de reconhecimento e patrulha com aviões e drones no mar Negro em resposta à escalada da tensão militar na região com a Rússia.

Na semana passada, a Rússia deixou o acordo para exportação de grãos ucranianos pelo mar, denunciando a falta de contrapartida favorecendo seus produtos. Ao mesmo tempo, iniciou uma campanha de bombardeio a portos da Ucrânia e colocou um navio-patrulha no sul da região, insinuando um bloqueio.

Ele foi sugerido em uma declaração de que qualquer navio seria considerado um alvo militar legítimo na rota saindo da região de Odessa, a principal área portuária ucraniana. Kiev fez o mesmo na sequência. Nesta quarta, o Reino Unido afirmou acreditar que os russos preparam um bloqueio naval completo na região.

O navio russo em questão, o Serguei Kotov, foi atacado por dois drones marítimos ucranianos na terça (25), mas conseguiu destrui-los. Na véspera, Moscou havia bombardeado com drones dois portos de grãos ucranianos em um ponto ultrassensível, o estuário do rio Danúbio. As explosões ocorreram a 200 metros da Romênia, país da Otan que faz fronteira com a Ucrânia.

Com isso, o Conselho Otan-Ucrânia, criado na cúpula da entidade no começo do mês, se reuniu nesta quarta e decidiu pelo incremento nos voos de aviões como os P-8 Poseidon e drones como o MQ-9 Reaper, ambos americanos mas operados também por aliados.

O avião-robô é do modelo derrubado após o choque com um caça russo no mar Negro, em março, e objeto de incidentes similares quase tão graves sobre a Síria ao longo deste mês. Isso dá a medida do risco que a maior quantidade de aparelhos da Otan na região implica.

Em novembro passado, um caça russo Su-27 disparou um míssil perto de um avião espião britânico RC-135, em um episódio que poderia ter levado a uma escalada imprevisível, dada a belicosidade de Londres em seu apoio à Ucrânia. Mesmo antes da guerra, um navio do Reino Unido cruzou águas que a Rússia chama de suas perto da Crimeia e acabou vendo bombas serem jogadas por caças-bombardeiros em seu caminho.

Embora apoie, arme e treine Kiev, a aliança não faz parte do conflito oficialmente para evitar o perigo de uma Terceira Guerra Mundial entre a Rússia e os 31 países do grupo, 3 deles potências nucleares como Moscou.

Os russos também determinaram uma nova do mar Negro em que navios estão sujeitos a inspeção e são recomendados a não navegar. “Os aliados notam que a nova área, que inclui a zona econômica exclusiva da Bulgária [um membro da Otan], cria novos riscos para erros de cálculo e escalada, assim como sérios obstáculos à liberdade de navegação”, afirmou a aliança.

Além da questão econômica, Moscou alega que o trecho de mar que vai de Odessa até o Danúbio foi usado para lançar ataques com drones marítimos contra a Crimeia, particularmente a ponte que liga a península à Rússia, como na segunda retrasada. Nesta quarta, o Serviço de Segurança da Ucrânia afirmou que foi o responsável pelo maior ataque à obra, ocorrido no ano passado com um caminhão-bomba. A autoria ucraniana era conhecida, mas não o órgão que conduziu a ação.

Enquanto esta nova frente militar decorrente da Guerra da Ucrânia se desenvolve dia a dia, Moscou seguiu com uma quarta particularmente ativa de bombardeios com mísseis. Kiev e outras duas regiões foram alvejadas mais cedo por mísseis de cruzeiro e, à noite (tarde no Brasil), por modelos hipersônicos Kinjal. Ainda não há relatos de danos ou vítimas.

Em solo, a contraofensiva ucraniana lançou um de seus ataques mais fortes desde o seu começo, em 4 de junho, com cerca de 80 blindados tentando romper a frente russa na região de Zaporíjia (sul), perto da cidade de Orikhiv. Segundo blogueiros militares russos como o famos Rybar, as batalhas estão intensas, enquanto o Ministério da Defesa em Moscou disse que o avanço foi contido. Kiev não se manifestou.

Ao norte, por sua vez, há relatos de avanços de forças russas na região de Lugansk, que teriam entrado 3 km em um ponto pouco explorado da frente de batalha, que soma cerca de 1.000 km de comprimento.

IGOR GIELOW / Folhapress

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