MILWAUKEE, EUA (FOLHAPRESS) – Vestindo uma camiseta inspirada na bandeira do Texas e com um chapéu de cowboy, Spencer Brolsma, 32, participa pela primeira vez de uma convenção republicana.
Ilustrando a metamorfose do partido, ele diz que em 2016, quando Donald Trump concorreu pela primeira vez, “estava um pouco cético” com o candidato. Na ocasião, sua preferência foi pelo senador Marco Rubio.
“Mas uma vez que Trump se tornou presidente, ele me provou errado. Então, tenho sido um apoiador desde os primeiros seis meses em que Trump estava no cargo porque ele estava realmente mostrando o quão grande seria, e cumpriu tudo o que disse quando concorreu pela primeira vez”, disse à Folha enquanto dava uma olhada nas barraquinhas de comida e outros produtos do evento.
O texano -que, seguindo o figuro, é muito educado e chama a repórter de senhora ao final de casa resposta- também é um exemplo da visão quase messiânica que os apoiadores têm de Trump, reforçada pelo ataque de sábado (13).
“É um milagre absoluto o presidente Trump ainda estar vivo. No último segundo, ele virou a cabeça para olhar o slide sobre imigração. Deus definitivamente teve sua mão ali, e somos muito abençoados pelo fato de que ele ainda está vivo”, diz.
Como muitos analistas têm feito, Brolsma aposta que o atentado vai fazer muitos eleitores repensarem sua visão sobre o ex-presidente. “Acho que abriu os olhos de muitas pessoas que ele não é o cara ruim. O discurso de amanhã vai ser ótimo porque será sobre unificar o país. Acho que isso vai ser muito bem recebido”, completa.
O texano não é o único confiante na vitória de Trump. Há muitos anos um candidato do partido não estava tão bem nas pesquisas de intenção de voto no momento da convenção quanto Trump. Após o atentado de sábado, esse sentimento ganhou ainda mais força.
Os delegados com quem a Folha conversou também estão otimistas com a escolha de Trump para o vice em sua chapa.
“Acho que J.D. Vance continuará o legado de Trump e avançará para que haja uma boa chance de termos no mínimo mais 12 anos excelentes”, afirma David Ferris, 66, representante de Nova York, enquanto caminha por uma exposição sobre a Presidência americana que conta com uma réplica do Salão Oval conforme decorado por Ronald Reagan.
“Confio no julgamento do Trump, então acho J.D. Vance ótimo. Ele é obviamente um cara brilhante. Ele é militar. Ele é patriota. Ele ama este país. Acho que ele é a escolha perfeita”, afirma Debbie Kuehne, delegada da Louisiana e integrante da federação das mulheres republicanas do estado.
Brolsma admite que conhece pouco Vance, mas diz que tudo o que ouviu até agora sobre ele é ótimo. “Estou ansioso para ouvir mais dele esta noite, e especialmente de sua esposa, que parece extremamente talentosa também”, diz, emendando rapidamente um elogio também à mulher de Trump, Melania.
Questionados sobre qual bandeira do ex-presidente avaliam como mais importante, delegados entrevistados pela Folha respondem de pronto: imigração. “É insano o que estamos fazendo ao deixar esses milhões de pessoas cruzarem a fronteira. É irreal pensar que não vamos pagar um preço por isso em violência”, diz Kuehne.
Newsletter Lá Fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** Vestindo um chapéu de cowboy lilás e muito brilho, ela conseguia se destacar em meio a uma competição acirrada. Em sua visão, a primeira coisa que Trump deveria fazer ao tomar posse, caso seja eleito, é “deportar os ilegais e retomar a construção do muro”.
Na mesma linha, Ferris, diz que “imigrantes ilegais estão entrando e causando estragos” ao país. “É absolutamente louco”, diz.
Ele culpa o fluxo pela crise de fentanil, droga que contribuiu com uma epidemia de overdoses nos EUA. “Não precisamos de mais de 300 mil pessoas morrendo envenenadas por fentanil a cada ano. Não é assim que deveria ser”, diz.
“Eu gosto da mente empresarial de Trump, tentando resolver os problemas do nosso país, e entendendo que não podemos ter todas essas pessoas vindo pela fronteira. Acho que estão tirando empregos daqueles que menos podem se dar ao luxo de perder um emprego”, afirma Debbie McMullin, 74, delegada da Flórida, enquanto aguardava em uma fila para assistir à estreia de um documentário com Trump.
FERNANDA PERRIN / Folhapress