‘Outback não está saindo do Brasil’, diz executivo da rede de restaurantes

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “Só para deixar claro, o Outback não está saindo do Brasil”, diz Pierre Berenstein, vice-presidente-executivo de estratégia global de clientes e Brasil da Bloomin’ Brands, dona da rede de restaurantes, na antevéspera da reinauguração do primeiro Outback em terras brasileiras, o Casinha, na Barra da Tijuca, Rio.

Na avaliação do executivo, o comunicado de que o grupo estava “explorando e avaliando alternativas estratégicas” para a operação no Brasil foi mal interpretado. O aviso foi incluído no balanço trimestral do grupo, o mesmo que reportava um prejuízo contábil de US$ 84 milhões (cerca de R$ 440,2 milhões).

“Tirando os efeitos contábeis [por pagamento de dívidas], nosso resultado é um lucro ajustado de US$ 64 milhões”, afirma Berenstein. “Como companhia global, a gente está bem, no Brasil, bem.”

A venda, porém, não está descartada. No comunicado do início de maio, a Bloomin’ dizia que, para maximizar os ganhos de seu acionistas, poderia também vender as operações.

“Não se limita a uma venda. Se a gente não achar nem o veículo, nem o parceiro adequado… porque, quando a gente fala em alternativa, esse é um trabalho que o banco faz, é um negócio enorme. E uma das alternativas é não fazer nada”, diz o executivo, que ocupou até o ano passado o cargo de presidente do grupo no Brasil.

A rede quer terminar 2024 com 18 novas unidades que estarão funcionando até agosto. O investimento em cada novo restaurante gira em torno de R$ 5 milhões, dinheiro que vem da geração de caixa da rede.

Com isso, os negócios da Bloming Brands no Brasil conseguem operar sem alavancagem e ficam menos suscetíveis às oscilações nas condições de crédito. Além de Outback, o grupo tem Abbraccio (que terá duas novas unidades em 2024) e Aussie, esse último voltado para o delivery.

“A gente sempre vai ter dois objetivos. Um é maximizar retorno para o nosso acionista e o segundo é, com velocidade, tomar o mais rápido possível o potencial que a gente vê no mercado brasileiro”, diz vice-presidente-executivo de estratégia global de clientes e Brasil da Bloomin’ Brands.

A rede considera consistente o crescimento no Brasil, país visto como “subpenetrado” na comparação com os Estados Unidos, onde as cadeias representam cerca de 80% do consumo de refeições fora de casa. No Brasil, essa fatia fica com restaurantes independentes.

Para Berenstein, há o potencial de chegar a 300 unidades nos próximos cinco anos. Hoje são 165.

Parte dessa confiança vem também de uma avaliação do grupo de que o nome do carro-chefe da rede tem uma força que outros grupos de varejo não tem. Para Raquel Paternesi, chefe do marketing da Bloomin’ Brands, a marca Outback é uma fortaleza que a torna resiliente a todas as pressões a que o setor está sujeito.

Um dos sinais dessa força viriam, por exemplo, da popularização do pão australiano, que não era visto no Brasil quando a rede chegou, ou pela propagação de receitas na internet tentando reproduzir seus principais pratos.

A reinauguração da primeira loja brasileira (inaugurada em 1997) deverá servir também como um aceno de que diferentemente do que vem acontecendo com outras redes do setor alimentício e do varejo, os negócios do grupo seguem de pé.

Uma das poucas unidades de rua no Brasil, o Casinha era, como o nome indica, uma casa inspirada em ranchos australianos e seguia a mesma aparência dos restaurantes da rede nos Estados Unidos. Fechado no fim de 2023, o Casinha agora tem ares modernos –paredes de vidro, madeira plástica e de reflorestamento e uma varanda no piso de cima.

“A gente sempre está buscando aperfeiçoar a experiência do cliente e entendeu que era hora de ir aonde começou e colocar o Outback no futuro”, diz Mauro Guardabassi, presidente da Bloomin’ Brands no Brasil.

As mesas antigas foram reaproveitadas em uma grande instalação feita com bumerangues. Sobre as mesas, lustres reproduzem o produto símbolo do grupo, a blooming onion, cebola em flor que, por sua vez, é inspirada na flor Waratah, comum na Austrália.

A unidade da avenida das Américas, no Rio, é tratada como uma “flagship”, um espécie de modelo e espaço de teste de cardápio para os novos restaurantes e para os que forem reformados.

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RAIO-X

Origem: Tampa, Flórida, inspirado pelo filme Crocodilo Dundee

Inauguração: 1988, nos Estados Unidos, 1997, no Brasil

Funcionários: 12 mil funcionários (incluindo Abbraccio e Aussie Grill)

Unidades: 165 restaurantes em 21 estados (443 com Abbraccio e Aussie Grill)

FERNANDA BRIGATTI / Folhapress

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