BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta segunda-feira (9) que o acordo firmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve resolver o impasse envolvendo as emendas parlamentares, sem atrapalhar o andamento da agenda econômica no Congresso Nacional.
“O presidente Lula se reuniu com os presidentes das Casas e pactuou um encaminhamento que, do meu ponto de vista, atende aos anseios dos parlamentares”, disse.
“Temos uma chance de terminar o ano com coisas importantes. Firmamos o acordo com a União Europeia, temos condição de votar a reforma tributária depois de 40 anos de espera”, continuou. “Agora esse conjunto de medidas que contém um pouco o gasto público, também no mesmo sentido de equilibrar as contas.”
Segundo relatos, Lira e Pacheco disseram a Lula que o clima no Congresso ficou ainda pior diante da decisão do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), que manteve as regras mais duras para o pagamento das emendas.
Lula pediu um esforço dos presidentes para garantir a votação ainda neste ano do pacote de contenção de despesas apresentado por Haddad. Como resposta, ouviu que o Planalto precisava fazer gestos para melhorar a relação com deputados e senadores.
A jornalistas, na saída do Ministério da Fazenda, Haddad defendeu a agenda de medidas voltadas para equilibrar as contas públicas e pediu coordenação de todos os Poderes para que o país possa deixar o clima de desconfiança para trás.
“Ela é possível, ela é factível e ela é uma obrigação que deveria envolver e está envolvendo todos os Poderes. Então nós precisamos dessa compreensão Executivo, Legislativo e Judiciário para organizar melhor as finanças públicas do país e deixar para trás esse clima de desconfiança que cresceu nos últimos meses”, afirmou.
“Precisamos nos coordenar para atingir os objetivos. Não pode ser tarefa nem de um ministério, nem do governo. Do governo também, mas tem que ser uma associação em torno dessa finalidade, passar confiança para as pessoas”, acrescentou.
Questionado sobre as críticas feitas pelo próprio PT quanto às medidas do pacote fiscal, o chefe do Executivo defendeu o diálogo e mencionou o encontro com a bancada petista que contou com a participação do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e do secretário de Políticas Econômicas, Guilherme Mello.
“A cada momento que se esclarece os números e o porquê das medidas, se compreende que nós estamos falando de coisas razoáveis. Colocar ordem em cadastro, adequar o perfil do beneficiário à intenção do legislador, isso são coisas muito razoáveis”, disse.
“Nós temos que fortalecer as regras que nós próprios aprovamos para passar para o país, para os investidores, para os trabalhadores, credibilidade que vai fazer com que as coisas, os preços dos ativos, voltem ao patamar normal”, complementou.
No sábado (7), o Diretório Nacional do PT incluiu na nova resolução política da legenda uma emenda recomendando que haja debate com o governo Lula sobre as mudanças propostas no pacote fiscal em relação ao BPC (Benefício de Prestação Continuada).
NATHALIA GARCIA / Folhapress