Palco Sunset no Rock in Rio fica esvaziado, com público distraído e sentado

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O começo da noite deste sábado de Rock in Rio, dia normalmente tratado como nobre por festivais, criou um fenômeno curioso no palco Sunset, o secundário do evento.

A multidão animada que deixava o show de Lulu Santos, que embalou o fim de tarde no palco principal com a nostalgia das décadas de 1980 e 1990 de suas músicas, ficou sem uma atração maior para continuar o dia.

No Sunset, algumas centenas de pessoas se espalharam sentadas na grama sintética para assistir à apresentação de Christone “Kingfish” Ingran, guitarrista de blues americano, que certamente foi escolhido pelo festival pelo seu virtuosismo no instrumento.

O show do artista, que parecia desconhecido pela maior parte do público, virou música de fundo para casais ficarem agarradinhos, amigos papearem alheios à apresentação e pessoas fazerem uma boquinha. O clima era de fim de noite –bem quando ela estava começando.

Foi uma apresentação para apreciadores de alguma técnica, que se impressionam mais com riffs grandiosos de guitarra do que com o significado ou sentimento por trás da música.

Quando os solos ficavam mais intensos, ou em momentos em que o músico fazia estripulias como tocar com a boca, uma pessoa ou outra deixava o papo de lado para olhar o palco e reagir com alguns aplausos ou um gesto de veneração.

Parte do público de fato assistiu ao show, é claro, mas a maioria parecia estar ali para passar o tempo. É uma situação curiosa em um palco que terá, em outros dias e no mesmo horário, artistas do calibre de Planet Hemp, Pitty e Ney Matogrosso.

O show que aconteceu em seguida no lugar, da banda de rock alternativo britânica James, reforçou a estranheza da escalação deste dia de Sunset –embora tenha atraído mais pessoas que conhecessem a banda.

Perto de 20h30, quando as apresentações do Rock in Rio já têm contornos de grande porte, apenas a parte mais próxima do palco contava com um público cativo, que interagia e aplaudia a boa e enérgica apresentação do grupo.

No mesmo horário desta sexta, por exemplo, o trio Orochi, Oruam e Chefin preencheu o lugar inteiro, que ficou intransitável por causa do público engajado.

Hoje, no entanto, o público pareceu se dedicar mais a transitar pelas ativações de marcas e brinquedos –mais disputados do que na sexta–, relegando um palco importante do festival.

LAURA LEWER / Folhapress

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