SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (27) que a Igreja Católica deve pedir perdão por abusos sexuais a menores de idade. O pronunciamento foi feito em sua visita à Bélgica, na presença do rei belga e de outros representantes políticos.
A viagem do pontífice marca o 600º aniversário de duas universidades católicas no país. Sua visita foi marcada por cobranças de ações mais concretas relacionadas aos abusos sexuais cometidos por membros do clero.
O rei Filipe, em seu discurso de boas-vindas, afirmou que a igreja levou “muito tempo” para lidar com os escândalos, enquanto o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, que renunciou ao cargo mas ainda o ocupa interinamente, reforçou que “palavras não são suficientes” e que a igreja tem um “longo caminho a percorrer”.
Francisco também mencionou o programa de prevenção implementado pela Igreja Católica em todo o mundo para lidar com os abusos. O pontífice se encontrou com 15 sobreviventes de abuso na embaixada do Vaticano em Bruxelas.
Durante sua fala, o papa também relembrou os casos de abuso de crianças e adolescentes e adoções forçadas de filhos de mães solteiras ocorridos entre 1945 e a década de 1980. No ano passado, o site belga HLN publicou que quase 30 mil crianças foram retiradas de suas mães à época.
Com a publicação do caso, bispos do país pediram desculpas e solicitaram uma investigação independente acerca das acusações. Ao relembrar o caso, Francisco repudiou as “histórias espinhosas” e afirmou se tratar de um “resultado de uma mentalidade difundida” na sociedade da época.
“Com frequência, as famílias e outras entidades sociais, incluindo a igreja, pensaram que para eliminar o estigma negativo, que infelizmente afetava quem era mãe solteira naquela época, seria melhor para ambos, mãe e filho, que este último fosse adotado”, completou o pontífice.
Ainda durante sua visita, Luc Sels, reitor de uma das instituições aniversariantes, a Universidade Católica de Leuven, questionou o papa acerca dos papeis de gênero no clero: “A igreja não seria uma comunidade mais acolhedora se houvesse um lugar de destaque para as mulheres, inclusive no sacerdócio?”
Até o momento, a Igreja Católica tem um clero exclusivamente masculino. Francisco criou duas comissões para considerar se as mulheres poderiam servir como diaconisas, que são ordenadas como os padres, mas não podem celebrar a missa. O papa, no entanto, não avançou na questão e, durante seu discurso, não respondeu aos comentários do reitor.
Redação / Folhapress