Para Angélique Kidjo, no Rock in Rio, nenhuma música existiria sem a influência africana

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cantora beninense já queridinha do Rock in Rio, Angélique Kidjo — que se apresentou no festival em 2015 e em seu irmão paulistano, o The Town, no ano passado — volta mais uma vez ao evento esse ano, e dessa vez numa posição especial: a de embaixadora do palco Global Village, uma novidade na Cidade do Rock.

Localizado numa espécie de “bairro” temático com gastronomia, arte e cultura de todos os continentes do planeta, o palco terá apresentações de artistas como Aneel, americano de ascendência libanesa, e a israelense Noa Kirel, além de diversos artistas de diferentes partes do Brasil.

“O Brasil, por si só, está quase no nível continente. A diversidade de pessoas é uma loucura”, comenta Kidjo em entrevista à Folha. “Isso faz com que o público seja bem exigente. Eles sabem do que gostam.”

Angélique iniciou sua carreira como cantora nos anos 1980, depois de se mudar para Paris para, inicialmente, estudar para se tornar uma advogada de direitos humanos. Seus primeiros álbuns solo chamaram a atenção dentro e fora da capital francesa por serem cantados na língua Fon, dialeto falado no Benin, Nigéria e Togo, e pela mistura de música dance com percussão africana.

“Cada país da África tem diferentes linguagens, diferentes ritmos. É uma oportunidade nossa de sermos diferentes e únicos. Não existiria nenhum tipo de música nesse mundo sem a influência dos descendentes africanos”, fala Kidjo.

A cantora nasceu na cidade de Uidá duas semanas antes do Benin conquistar a independência da França, em agosto de 1960. Para ela, a colonização ainda se faz presente no dia-a-dia não só do Benin, mas de muitos países africanos — mas isto está começando a mudar com uma nova geração. “Os jovens da África, hoje, não querem mais ouvir o que eles tem que fazer. Eles querem viver em seus próprios países, não querem mais ser imigrantes. Eles querem líderes que trabalhem pra eles”, fala.

A cantora destaca o poder e atenção que a música africana vem conquistando, cada vez mais, como prova desta nova independência. Nos últimos anos, artistas como a sul-africana Tyla, a nigeriana Ayra Starr e a americana Amaarae, de ascendência ganense, tem se destacado como novas representantes do pop no mundo todo; no rap, nomes como o nigeriano Asake também têm se infiltrado cada vez mais no mercado de música americano.

“Quando eu me tornei embaixadora da UNICEF, comecei a viajar pela África e a chegar em bairros que não tinham água ou eletricidade, mas as pessoas conheciam a minha música. Eu nunca pensei no impacto que isso teria quando essas crianças crescessem”, fala Angélique. “Eles também tiveram a vantagem de que a tecnologia permitiu que eles começassem uma carreira sem assinar um contrato antes. Estou sempre ansiosa pra ver o que eles vão fazer.”

No show do Rock in Rio, Angélique comemora seus 40 anos na música com músicas de todas as épocas de sua carreira, e uma porção de novas faixas que estarão num álbum que ela pretende lançar no ano que vem. “Depois de perder minha mãe há três anos, percebi que meu espírito de alegria vinha de escrever novas músicas. Então, tive que voltar para o estúdio.”

AMANDA CAVALCANTI / Folhapress

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