SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sérgio Alonso, advogado da filha do piloto do avião em que estava Marília Mendonça, classifica como “absurdas” e “injuriosas” as conclusões da PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais), que responsabilizou os pilotos pelo acidente.
“As conclusões da polícia de Caratinga são injuriosas, e não têm base nas provas técnicas. O acidente ocorreu pela falta de sinalização da rede, pela ausência de carta de aproximação visual e por essa rede estar colocada na mesma altura do tráfego padrão, que é de mil pés”, afirma o advogado, especialista em Direito aéreo, em entrevista ao UOL.
Ele ressaltou as mudanças feitas após a divulgação do laudo sobre o acidente: “O que comprova o absurdo é que, em 1º de setembro, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) sinalizou a linha por recomendação feita no relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Segundo, o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) fez a carta de aproximação visual, que não existia. E o DECEA elevou a altitude de tráfego de Caratinga de 1000 pés para 1350 pés, justamente para deixar a altura acima da altitude das linhas”.
O advogado também afirma que não cabe à polícia falar em homicídio culposo: “Os delegados concluem sem conhecer nada de aviação, falaram absurdos sobre velocidade, zona de proteção. Eles concluem que os culpados são os pilotos que foram mortos, e ainda atribuem a eles triplo homicídio culposo, se arvorando na posição de juízes”.
Sérgio Alonso representa a filha do piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior num processo contra a Cemig. Vitória Medeiros processou a empresa por danos morais – segundo o advogado, desde o acidente ela é atacada nas redes sociais por fãs da cantora que culpam o seu pai, também morto no acidente, pela queda do avião.
Para a Polícia Civil de Minas Gerais, os pilotos poderiam ter evitado o acidente. Segundo o delegado, não era obrigatório que as torres tivessem sinalização, e existiam manuais de procedimento da aeronave que determinavam que o piloto deveria analisar previamente a existência da proximidade de obstáculos como morros e antenas. “Era um dever de quem comandava a aeronave ter feito essa analise prévia”, disse em coletiva de imprensa.
LUIZA MISSI / Folhapress