RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse nesta sexta-feira (16) que o estado fará sua primeira emissão de crédito de carbono no dia 24 de setembro, no Climate Week, em Nova York. A iniciativa já tinha sido adiantada pelo mandatário em abril, mas agora o governador deu mais detalhes.
À Folha, Barbalho disse que o negócio será feito em parceria com a Coalização Life de Negócios e Biodiversidade, que será responsável por atrair os investidores. O projeto vai envolver, além da iniciativa privada, governos de países signatários da coalizão, como Estados Unidos, Reino Unido, Noruega e França.
Segundo Barbalho, esta será a maior comercialização de crédito de carbono do mundo, tanto quantitativamente falando, em termos de valores, como qualitativamente.
“Para você ter uma ideia, nós estamos falando em uma comercialização de US$ 15 a tonelada, enquanto o mercado está pagando US$ 3, US$ 4, US$ 5, US$ 6. Então, nós estamos falando de um preço quase que o triplo do preço que está sendo praticado. Isso pela qualidade do crédito, pela comprovação da redução das emissões do estado”, afirmou o governador durante o 23 Fórum Empresarial Lide, no Rio de Janeiro.
Hoje, o mercado privado de crédito de carbono ainda está em processo de maturidade e são muitas as empresas, inclusive certificadas por agências internacionais, que adotam práticas ilegais, como grilagem de terras e uso de reservas ambientais, em seus projetos de geração de crédito.
Por isso, segundo Barbalho, o estado optou por fazer uma emissão a partir do restauro de terras feito 100% pelo estado do Pará.
“Essa emissão vai ser feita pelo governo a partir das reduções [de carbono] que nós conseguimos e gerando o crédito. Neste momento, nós temos 156 milhões de toneladas [na carteira] até 2026, a partir da comparação do que tínhamos de emissão antes de 2020 e o que estamos emitindo hoje”, disse à reportagem durante o 23º Fórum Empresarial Lide, no Rio de Janeiro.
A operação envolve 1 milhão de créditos de carbono. O potencial financeiro é calculado acima dos R$ 10 bilhões, o que colocaria a fonte de recursos no mesmo nível de importância dos setores de mineração e agronegócio na economia paraense.
Uma parte do recurso levantado com a emissão irá para o Estado, que obrigatoriamente vai aplicar o dinheiro na continuidade da política de redução de emissões. A outra parte será destinada para comunidades indígenas, quilombolas e para a agricultura familiar.
Segundo Barbalho, o estado do Pará está passando por um processo de mudança de seu modelo de economia da terra, passando da exploração e extrativismo ao modelo de sustentabilidade. O estado, no próximo ano, será palco da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025).
“Isso nos exige adotar medidas baseadas na natureza, que possam viabilizar esse novo modelo ao nosso estado”, disse.
“O Pará hoje é o estado que mais reduz o desmatamento de todas as unidade da federação”, afirmou o governador ao público do evento do Lide. Segundo Barbalho, o Pará reduziu em 42% o desmatamento no estado em 2023 em relação ao ano anterior.
No evento, o governador anunciou ainda uma concessão que será feita pelo Pará de 40 anos para o restauro de terras no estado. A expectativa é que a cada 10 mil hectares restaurados possa-se reduzir a emissão de 4 milhões de toneladas de carbono.
Helder Barbalho também anunciou que a partir de março do próximo ano fará concessão de saneamento no estado, para que a participação privada acelere a universalização de acesso a água tratada e esgotamento.
STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress