Parada LGBTQIA+ veste avenida Paulista de verde e amarelo neste domingo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As tradicionais cores do arco-íris que dominam a avenida Paulista todos os anos, neste domingo (2), durante a 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, concorreram com tons de verde e amarelo, que se espalharam em figurinos elaborados das drag queens e camisas da seleção brasileira vestidas pelo público.

Mais do que estética, a escolha se transformou em uma espécie de manifesto cromático para ressignificar as cores ligadas a movimentos conservadores nos últimos anos. Para isso, a edição deste ano convocou o público a se apropriar do verde e amarelo após se tornarem símbolo da direita.

Para os que chegaram sem os adornos nesses tons, há vários pontos de venda. Cada camiseta sai por R$ 50, por exemplo. Bandeiras e outros itens que misturam a flâmula brasileira a ícones do movimento LGBT+, como as cores do arco-íris, também são comercializados.

Com um vestido de tule verde e uma peruca amarela, a drag queen Tchaka, musa da Parada, abriu o evento com um discurso. “O Brasil é dos LGBTs, a bandeira é nossa, é tudo nosso”, disse Tchaka, que saudou a todos pelo uso das cores e puxou coro com o tema da Parada deste ano. “Basta de retrocesso. Vote consciente”, gritaram os presentes.

Matheus Gomes, 37, e Alex Souza, 42, resolveram tirar as camisas da seleção brasileira do armário nesta manhã de domingo, mas disseram estar reticentes em usar um símbolo tão “controverso”. “Foi a melhor decisão”, disse Alex. “O Brasil é mais e mais feliz gay hoje”, continuou Matheus.

O levante verde e amarelo ganhou força após o show da Madonna na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, quando as cores coloriram a apresentação da musa do público LGBT+.

Camisetas da turnê são vendidas por ambulantes na Paulista a R$ 50. “Todo mundo quer sentir que participou daquilo. Foi um momento histórico, ainda mais para a nossa comunidade”, diz Samantha Gelli, 22, travesti, que comprou a sua. Os leques também fazem sucesso, assim como canudos com pontas em formado de pênis, e são vendidos a R$ 30.

No carro abre-alas, drag queens com perucas em rosa, azul e lilás puxam um público animado, mesmo sob o frio da manhã, com termômetros marcando 18ºC. Logo atrás, a escola de samba Estrela do 3º Milênio, do Grajaú, bairro na zona sul de São Paulo, desfilou e anunciou seu enredo para o próximo carnaval: a história do movimento LGBT+ no Brasil.

Os presentes ficaram em êxtase com a batucada e seguiram a bateria sambando.

Pouco depois do meio-dia, a Paulista recebeu a deputada federal Erika Hilton (PSOL) aos gritos de “presidenta”. “Marcharemos nesta tarde pela retomada da nossa bandeira e para mostrar que o Brasil será melhor, será bicha, sapatão, travesti”, disse a parlamentar.

Após Hilton, discursou seu correligionário Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo. Ele foi recebido com festa e batida de leques. “Essa cidade já derrotou o retrocesso outras vezes e vai derrotar outra vez neste ano. Tenho certeza”, disse o candidato.

Os leques, onipresentes no figurino do público LGBT+ durante festas noturnas e no Carnaval de rua, ganharam versões maiores na Parada, onde o som criado a partir das batidas incessantes das hastes se transformou em uma espécie de grito de guerra repetido após cada discurso. A ação performática foi comandada, inclusive, por Tchaka de cima do primeiro trio.

Para esta edição, os organizadores apostam no tema Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo, convidando o público refletir sobre a importância do voto consciente e representativo.

Entre as atrações anunciadas para animar a festa estão Pabllo Vittar, Banda Uó, Sandra de Sá, Tiago Abravanel, Glória Groove, Ludmillah Anjos e Filipe Catto —que estarão espalhadas pelos 16 trios elétricos do evento junto a artistas e influencers.

Devido a obras do metrô na avenida Paulista, a Parada ocorre no lado ímpar da via pela primeira vez na história. Os acessos estarão disponíveis pelas ruas Haddock Lobo e Bela Cintra, bloqueadas para veículos.

BRUNO LUCCA E ROBERTO DE OLIVEIRA / Folhapress

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