Paraíba vê proporção de apreensão de pistolas ultrapassar a de espingardas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estado da Paraíba tem observado uma alteração no perfil de armas apreendidas nos últimos dois anos, com a pistola tomando o lugar da velha espingarda.

A mudança na rotina consta em uma pesquisa realizada em parceira entre o governo estadual e o Instituto Sou da Paz a ser apresentada nesta terça-feira (22). A Folha de S.Paulo teve acesso com exclusividade aos dados.

Conforme o relatório, o revólver segue no topo das apreensões, respondendo por cerca de 50% do total localizado em 2023 (3.197 armas). A taxa de apreensão de 80 por 100 mil habitantes é superior a de 51 por 100 mil habitantes do país, conforme o relatório.

Em quatro anos as forças policiais do estado apreenderam 13 mil armas.

O perfil das armas teve alteração em 2022, quando a quantidade de pistolas retiradas das ruas se sobrepôs a de espingardas pela primeira vez desde 2020, ano em que os dados passaram a ser tabulados.

Se em 2020 a quantidade de pistolas apreendidas representou 12% do total, no ano passado o montante passou para 28%. Situação contrária das espingardas, que no último ano representou 18% do total ante 33% naquele primeiro ano.

Em 2022 as espingardas representaram 21% das apreensões contra 22% das pistolas.

O fuzil, armamento visto em grande escala no Sudeste, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, representou menos de 1% das capturas na Paraíba, assim como as metralhadoras.

Diretora de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi, vê dois movimentos simultâneos para o crescimento de uma e a queda de outra. “Um é a modernização geral do mercado de armas, porque as espingardas são armas mais antigas, mais presentes em ambientes rurais, armas mais difíceis de serem ocultadas pela roupa. Então, para um uso criminal, de fato, elas fazem menos sentido.”

“O aumento das pistolas vem tanto nesse movimento de modernização do mercado, mas também porque foram as armas mais compradas nos anos de flexibilização do acesso às armas de fogo no Brasil entre 2019 e 2022”, explica.

Pollachi afirmou existir uma conexão entro o mercado legal e o ilegal, no que chamou a atenção para a acesso facilitado de compra para as categorias que têm acesso aos calibres chamados de uso permitido e especialmente para as categorias que têm acesso aos calibres chamados de uso restrito, como os CACs.

ARMAS ARTESANAIS SÃO 1 EM CADA 5 DAS APREENDIDAS

Levando em consideração o geral em quatro anos (2020, 2021, 2022 e 2023), a proporção de apreensões é diferente, com o revólver no topo da lista (50% do total), seguido da espingarda (25%), da pistola (20%), da garrucha e do rifle, com 1% cada.

De acordo com o estudo, 72% das armas de fogo industriais apreendidas possuem número de série, o que é crucial para rastrear sua trajetória. Das apreensões dos últimos quatro anos 20% delas se referem a armas artesanais.

“A gente chama de arma artesanal toda arma que não foi feita industrialmente, por uma fábrica autorizada, seja uma fábrica brasileira ou uma fábrica estrangeira. E essas armas podem variar muito de complexidade e de graus de profissionalização. Podem ter armas muito rudimentares, que a pessoa pega um cano ali, remenda, de um jeito muito tosco, e armas que muitas vezes vão ser capazes de disparar uma, duas vezes com uma potência reduzida”, explicou Pollachi.

“Mas também tem, entre armas artesanais, e esse é um movimento que a gente vê crescendo mais nos últimos anos, armas muito bem feitas, armas que chegam a usar peças industriais, mas que são montadas de maneira artesanal ou não profissional numa oficina irregular.”

PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress

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