SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, quer doar parte de suas aves. Lá, residem hoje cerca de 2.600 animais. São galinhas, patos e pavões.
Antes soltos pelo espaço de 137 mil metros quadrados, os animais foram enclausurados em meados do último ano em razão do alerta de gripe aviária no país. Segundo normas sanitárias, se um espécime for contaminado pelo vírus, deve-se abater demais indivíduos nos arredores. Essa medida segue em vigor por tempo indeterminado.
Os dois novos recintos a abrigar os ovíparos possuem, juntos, 2.500 mil metros quadrados.
Em nota, a Reserva Parques, concessionária responsável pelo parque desde agosto de 2022, declara ter como proposta de ceder parte do plantel para uma ONG (organização não governamental), sem descaracterizar a vocação agrícola da área e com a manutenção de parte dos animais e atividades educativas para os usuários.
“Os trâmites estão em andamento. De acordo com estudo realizado em 2018, a população atual de aves no parque é excessiva e medidas devem ser adotadas para sua redução, entre elas a doação”, explica a empresa.
É vedado matar a população de aves ali presente. Isso porque o Água Branca é tombado pela Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico), e tudo nele é considerado intocável.
Prender a bicharada não acabou com os problemas no local. Logo, o mau cheiro produzido pela aglomeração tornou-se alvo dos visitantes. Mesmo assim, moradores da região defendem a manutenção dos animais.
Eles contam com o apoio de alguns conselheiros do passeio, como Regina de Lima Pires. Para ela, é degradante como a fauna é tratada pela administração atual. “Os animais são o parque, é errado tentar eliminá-los por qualquer motivo. Isso descaracteriza toda aquela região”, diz ela.
Pires afirma ter exposto seu descontentamento durante assembleia no último mês de dezembro e obtido apoio de companheiros. A gestão, porém, teria ignorado o apelo.
“Um bichinho desse vive de 5 a 10 anos, quem sabe as coisas que podem ocorrer com eles por aí? Ficamos tristes. É desesperador e desrespeitoso à nossa história”, declara.
BRUNO LUCCA / Folhapress