Partido pró-Rússia lidera na Geórgia; cena de urna violada viraliza

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – A expectativa de um dia de eleição conturbado se confirmou neste sábado (26) na Geórgia, com os grupos pró-Europa e o partido majoritário no Parlamento, pró-Rússia, trocando acusações de fraude e violência. Com 70% das urnas apuradas, no fim da noite, a sigla de situação, Sonho Georgiano, alcançava 53%, dos votos segundo a comissão eleitoral do país.

Uma cena bizarra de violação de urna viralizou nas primeiras horas do pleito. Na cidade de Marneuli, no sul do país, de maioria étnica azerbaijana, um militante foi filmado tentando colocar dezenas de cédulas de uma vez na urna. Ele acaba sendo impedido, mas outro homem assume a tarefa e a conclui.

A votação no local foi suspensa, segundo a agência noticiosa do país Interpressnews, e provocou uma onda de denúncias de fraude e episódios de constrangimento. De acordo com grupos de oposição, houve ameaças e violência em ao menos 38 distritos eleitorais e, em 139 deles, foram percebidas pessoas não autorizadas nos locais de votação.

Associação de advogados da Geórgia registrou pelo menos 300 irregularidades em diversos pontos do país durante o dia.

A presidente Salome Zurabishbvili, que lidera uma frente de oposição ao partido majoritário no Parlamento, alinhado à Rússia e de tendência autoritária, lamentou o episódio em Marneuli, e acusou a sigla adversária de usar uma minoria étnica para fraudar a votação.

Após o fechamento das urnas, Zurabishbvili declarou em rede social que uma “Geórgia europeia” tinha obtido 52% dos votos, “a despeito das tentativas de fraude e manipulação”. Fazia referência a pesquisas boca de urna divulgadas logo após o encerramento do pleito, que colocavam, por outro lado, Sonho Georgiano como a sigla mais votada, com 42%.

A presidente e outros partidos da oposição prometem trabalhar em coalizão para impedir que a legenda fundada pelo oligarca Bidzina Ivanishvili prossiga com planos de mudanças constitucionais que transformariam o país em uma autocracia.

Todas as 150 cadeiras estavam em disputa, e a maioria necessária para mudar a Carta é de 113 votos. A comissão eleitoral promete a totalização do votos para segunda-feira (28). As principais legendas de oposição superaram a cláusula de barreira de 5%. A questão é saber se em coalizão conseguirão formar maioria, já que parece claro que Sonho Georgiano manterá a maior bancada.

Ivanishvil, que segundo o jornal The Guardian é dono de uma fortuna de US$ 7,5 bilhões em um país com PIB de US$ 30 bilhões, advoga pela aproximação com Moscou para que a Geórgia “não vire uma nova Ucrânia”. O país convive com tropas russas estacionadas em duas áreas autônomas de seu território e se tornou uma espécie de corredor informal de negócios para Moscou desde o advento da guerra e das sanções do ocidente.

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE / Folhapress

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