SÃO SEBASTIÃO, SP (FOLHAPRESS) – A tragédia de 19 de fevereiro de 2023 que deixou 64 mortos ainda não saiu da cabeça dos moradores de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Na noite de quarta (24), um temporal atingiu a cidade com acumulados de mais de 150 mm de chuva e a sirene de alerta para evacuação dos moradores instalada após os desastres foi acionada.
Foi o suficiente para trazer lembranças ruins para morador do bairro Vila Sahy (o mais atingido na tragédia do ano passado) Edivaldo da Silva Santos. “Passa um filme de terror na cabeça. Quando eu ouvi o barulho da sirene, pensei que poderia ocorrer tudo de novo. Mas graças a Deus nada aconteceu. Eu perdi muitos amigos na tragédia, foi um momento difícil. Aqui no nosso grupo de moradores, alguns postaram que o morro tinha caído novamente. Houve um certo desespero”, disse.
Santos, que mora na Vila Sahy há sete anos, teve de ser transferido para outra residência após a tragédia. Sua casa apresentava riscos de desmoronamento. “Agora eu moro em um outro local, mas ainda perto das áreas de morro que desabaram. Estou conversando com você, mas preocupado com a chuva. Vou buscar meu filho e procurar um lugar mais seguro”, afirmou.
A chuva não deu trégua na tarde desta quinta-feira (25). No fim da tarde, o temporal que começou às 12h continuava com forte intensidade.
Essa foi a primeira vez que a sirene de evacuação é acionada após a instalação na Vila Sahy, na primeira quinzena de dezembro. Após o aviso, moradores devem deixar suas casas e irem a locais seguros por risco de deslizamentos.
“A Defesa Civil informa: há risco de deslizamentos nessa área. Atenção moradores: dirijam-se para locais seguros e pontos de encontro”, dizia o comunicado.
Anteriormente, o equipamento já havia tocado, mas alertando sobre chuvas no bairro. Dessa vez, a orientação foi para a evacuação em massa dos moradores.
“Antes da sirene, a gente não sabia qual era a gravidade do volume de chuva. Agora, podemos nos deslocar para um local seguro e nos proteger”, afirma a moradora Maria Eliana Santos Araújo, que vive na Vila Sahy há 17 anos. Ela está em uma área de risco e após a sirene ser acionada teve que se deslocar para um local seguro. Ficou na casa de uma irmã e voltou para o Sahy no período da manhã.
“Claro que o barulho da sirene causa um sentimento diferente, mas eu não fiquei assustada. Acho que pode ser uma iniciativa que vai trazer mais segurança para nós”, concluiu.
A Prefeitura de São Sebastião informou que a Escola Municipal Henrique Tavares de Jesus foi aberta como ponto de abrigo para a comunidade do Sahy. O acionamento da sirene foi determinado de forma preventiva pela prefeitura.
Em nota, a Defesa Civil do Estado declarou que o acionamento foi feito pela Defesa Civil Municipal devido ao “risco geológico ocasionado pelos acumulados de chuva na região”.
Famílias desabrigadas
De acordo com a prefeitura, chegou a 13 o número de famílias, com 42 pessoas, abrigadas nas Escolas Municipais Professor João Gabriel de Santana, em Toque-Toque Pequeno, e Henrique Tavares de Jesus, na Barra do Sahy, em função das fortes chuvas que atingem São Sebastião nos últimos dias e se agravaram na noite de quarta-feira e na tarde desta quinta
Segundo a equipe do Fundo Social, 32 dormitórios foram montados na escola Henrique Tavares de Jesus, com colchões, lençóis, mantas, travesseiros e kits de higiene pessoal. O ponto de abrigo está localizado na avenida Adelino Tavares, 301, no bairro Barra do Sahy.
Já na Professor João Gabriel de Santana são 14 dormitórios com os mesmos itens. A unidade escolar fica na rua Dr. Yojiro Takaoka, n° 428, bairro Toque-Toque Pequeno.
CLÁUDIO RODRIGUES / Folhapress