SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A defesa do economista João Pedro Viegas, um dos passageiros que estava no carro por aplicativo envolvido no acidente que terminou com a morte da jovem Larissa Barros, nega que ele tenha aberto a porta do veículo. A versão é diferente da registrada no boletim de ocorrência.
“[A defesa] esclarece que João Pedro Viegas de Oliveira Paes, em nenhum momento possuiu ou contribuiu para a ocorrência do fatídico acidente”, diz texto assinado pelo advogado Cesar da Silva Braga, acrescentando que “nega veementemente que este tenha aberto as portas do veículo”. Larissa estava em uma moto por aplicativo.
Já segundo o boletim de ocorrência, o economista havia dito que estava embriagado e “não nega que abriu [a porta], mas que não se recorda de ter feito”. “Segundo suas palavras, pode ter aberto ou não.”
O acidente aconteceu na noite do último sábado (24), na avenida Tiradentes, na região central de São Paulo. Ainda de acordo com o registro policial, o motorista do carro afirmou que levava dois passageiros, Viegas e o advogado Felipe Moutinho.
Segundo relato do motorista, os passageiros começaram a brincar, e um deles teria dito, em tom de brincadeira, que iria descer do carro. Quando o veículo parou em um semáforo, ele teria aberto a porta, atingindo uma moto de aplicativo que passava, com Larissa na garupa.
Com o impacto, Larissa e o motociclista foram arremessados contra um outro veículo. A jovem de 22 anos ficou gravemente ferida, foi socorrida e morreu.
Moutinho afirmou à polícia que não viu nada do que aconteceu. Segundo informações do boletim de ocorrência, ele disse ter apenas ouvido um barulho e depois se dado conta de que se tratava de um acidente.
A advogada que representa Felipe também negou que ele tenha aberto a porta do veículo e ressaltou que ele estava sentado do lado direito do banco traseiro, oposto ao da porta aberta.
Os dois passageiros devem ser ouvidos novamente pela polícia nos próximos dias.
Nesta quarta-feira (28), o condutor da moto que levava Larissa, Handerson Souza Maior, chegou de muletas ao 2° Distrito Policial (Bom Retiro) para depor pela primeira vez.
A defesa diz que ele não estava embriagado ou que tenha ultrapassado o limite de velocidade.
“Não estava acima da velocidade permitida. Ele vinha na faixa azul, exclusiva, e foi diminuindo a velocidade no momento em que viu o farol”, afirmou o advogado José Paulo Ferraz.
Segundo ele, Handerson ainda não tinha sido ouvido porque também ficou ferido durante o acidente e não tinha condições de ir à delegacia.
O motorista do carro que levava o economista e o advogado, Claudio Mota, prestou novo depoimento à polícia, confirmando a versão do primeiro testemunho.
Procurada pela Folha de S.Paulo, a Uber, empresa que fazia o transporte do carro por aplicativo, não se manifestou.
A 99, empresa da moto por aplicativo que levava Larissa, lamentou o acidente e disse que ofereceu à família da vítima a cobertura pelo seguro, apoio psicológico e auxílio funeral.
A empresa afirmou que essa foi a primeira morte envolvendo moto por aplicativo desde que o serviço passou a ser ofertado em São Paulo, em janeiro deste ano.
Após o acidente no sábado (24), a Justiça suspendeu o serviço de moto por aplicativo na capital paulista. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) mandou instalar nesta segunda-feira (26) uma faixa na qual relaciona a empresa 99 à morte da passageira do transporte por motocicleta.
GIOVANA KEBIAN / Folhapress
