Paxlovid reduz risco de internação e morte em grupos de alto risco, mostra estudo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O risco de hospitalização e morte por Covid é reduzido com o uso do antiviral Paxlovid, mesmo em pessoas mais vulneráveis aos casos graves da doença, como imunocomprometidos, mostra um novo estudo.

A droga, desenvolvida pela farmacêutica Pfizer, já havia apontado resultados satisfatórios na proteção contra hospitalização, inclusive pelas variantes da ômicron, de acordo com ensaios conduzidos pela própria empresa e apresentados no último ano.

Agora, uma pesquisa de vida real, isto é, quando são analisados os efeitos na população do uso, fora de um ambiente controlado de ensaio clínico, apontou que o tratamento com Paxlovid reduziu em até 2,5% o risco de morte ou hospitalização até 28 dias após a infecção da Covi em pacientes avaliados como criticamente vulneráveis ou de alto risco para infecção grave.

Já indivíduos com um risco menor, como aqueles com 70 anos ou mais ou não vacinados, não apresentaram uma redução significativa de risco de hospitalização e morte.

O artigo foi publicado nesta segunda-feira (2) na revista especializada Jama Network Open. O estudo foi feito em conjunto por cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver (Canadá), Comitê de Terapias Covid da província e Ministério da Saúde canadense.

Para avaliar o efeito da droga em pacientes com risco elevado de quadro grave, os pesquisadores compararam os pacientes que receberam prescrição para Paxlovid com aqueles que tiveram um resultado positivo para Covid, mas não fizeram uso da medicação.

Foram avaliados 6.866 indivíduos entre 1º de fevereiro de 2022 e 3 de fevereiro de 2023. Os pacientes foram divididos em quatro grupos, sendo os dois primeiros considerados de risco elevado para complicações da Covid (incluindo imunossuprimidos), portadores de comorbidades e outras condições com maior risco para Covid e público elegível para receber Paxlovid, mas que não necessariamente tinham comorbidades ou imunossupressão (como pessoas acima de 70 anos e não vacinados). Esses quatro grupos correspondiam ao público-alvo para receber Paxlovid por um programa do estado da Colúmbia Britânica.

Os grupos considerados risco 1 e 2 (imunossuprimidos) tiveram redução no risco de hospitalização e morte por Covid, respectivamente, de -2,5% e -1,7% (com índice de confiança, que mede a força estatística da diferença, de 95%).

Em relação aos grupos 3 e 4, que são, respectivamente, de pessoas com comorbidades e demais grupos elegíveis, a redução no risco foi de -1,3%, para o primeiro, e de 1% para o último, portanto, não houve redução na mortalidade e hospitalização nesses grupos.

Já a incidência cumulativa, que representa o número de pacientes com hospitalização e morte em cada grupo, mostra um risco bem menor nos participantes dos dois primeiros grupos que fizeram o tratamento com Paxlovid em comparação aos não tratados. No grupo 3, essa diferença não foi estatisticamente significativa. Por fim, no grupo 4, os indivíduos que fizeram uso da droga tiveram uma maior incidência de hospitalização e morte do que os não tratados.

Ensaios conduzidos pela farmaucêtica ainda em 2021, antes do aparecimento da ômicron, indicaram uma redução de 89% da hospitalização e morte por Covid, mas esses números foram relacionados a indivíduos não vacinados e com alto risco.

Um estudo subsequente, de janeiro a julho de 2022, apontou que essa taxa cai para 44% após a introdução de variantes do coronavírus mais transmissíveis, como a ômicron.

O Paxlovid é uma combinação de dois antivirais, o nirmatrelvir e o ritonavir. O seu uso foi aprovado no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em março de 2022. No mesmo ano, a agência autorizou a comercialização em farmácias. A incorporação pela Conitec, comitê que avalia novas drogas e tecnologias para o SUS (Sistema Único de Saúde), foi publicada no mesmo ano, mas a disponibilização da droga nos hospitais públicos é escassa, segundo especialistas.

A administração do Paxlovid consiste em um comprimido, de 400 mg cada, duas vezes ao dia, por cinco dias. Segundo a Anvisa, o uso não deve ser maior do que os cinco dias e também não é indicado para gestantes ou pacientes com insuficiência renal grave.

ANA BOTTALLO / Folhapress

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