SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Durante discurso de agradecimento ao receber Prêmio da Paz durante a Feira do Livro de Frankfurt neste domingo (22), Salman Rushdie fez um alerta sobre a defesa da liberdade de expressão estar em risco.
Segundo a agência Luso, o escritor anglo-indiano também fez um apelo à manutenção da paz diante dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Hamas.
“A paz parece-me neste momento uma fantasia criada pelo fumo de um cachimbo de ópio”, disse durante a cerimônia do prêmio dotado de 25 mil euros. Ele também afirmou que, enquanto estavam lá, na igreja de São Paulo onde ocorreu o evento, “não muito longe está em curso uma guerra [Ucrânia] atribuível à tirania de um único homem e à sua sede de poder e de conquista”.
Rushdie ainda disse em seu discurso que o significado de paz é diferente para cada parte que está em guerra, o que dificulta um acordo entre elas. “Para a Ucrânia, a paz é mais do que o fim das hostilidades. A paz deve ser também a restituição de todos os territórios ocupados e a garantia da sua soberania”, disse. Para a Rússia significa “a rendição da Ucrânia e o reconhecimento de que os seus territórios perdidos continuarão perdidos”. Já no Oriente Médio, ele afirma que “uma paz para Israel e os palestinianos parece estar ainda mais distante”.
“A paz é difícil de criar e difícil de encontrar e ainda assim ansiamos por ela, não apenas a grande paz no final de uma guerra, mas também a pequena paz nas nossas vidas privadas, uma vida em paz com nós mesmos e os nossos pequenos mundos”, disse.
O autor de livros como “O Último Suspiro do Mouro” e “Os Filhos da Meia-Noite”, ele falou em defesa da liberdade de expressão, “sem a qual o mundo dos livros não existiria”. Ainda segundo a agência, disse que o prêmio “seria uma recompensa que receberia com a maior alegria”. “Estou até a pensar escrever uma história sobre isso: O homem que recebeu a paz como recompensa”, afirmou.
O júri homenageou Rushdie por sua determinação, atitude positiva diante da vida e por continuar a escrever diante de ameaças. Já faz mais de três décadas que o escritor tem uma recompensa pela sua cabeça. Quando publicou “Os Versos Satânicos”, em 1988, o aiatolá do Irã se ofendeu com a representação de figuras religiosas no romance e declarou uma sentença de morte sobre seu autor.
Redação / Folhapress