Pearl Jam reencontra o rock direto e sem enjoos em seu novo disco

FOLHAPRESS – Finalmente. Depois de lançar só discos irregulares ou desprezíveis desde “Riot Act”, de 2002, o Pearl Jam entrega um álbum excelente. “Dark Matter”, que sai nesta sexta-feira, é um reencontro da banda com o som direto e sem enjoos que fez do grupo um dos gigantes do rock contemporâneo.

O 12° álbum do quinteto de Seattle poderia ter sido lançado em meados dos anos 1990, quando eles produziram seus melhores discos, porque só uma das 11 músicas do novo trabalho não é muito boa, “Something Special”, uma balada chocha dedicada à filha do vocalista Eddie Vedder.

As outras dez músicas soam como se banda tivesse recuperado o tesão de tocar, deixando de lado o espírito moribundo no qual estava estacionada há mais de duas décadas. Prova disso é que, na apresentação do disco para convidados em Los Angeles há algumas semanas, o vocalista disse achar que “Dark Matter” era o melhor álbum da banda.

Quem teve papel fundamental na renascença do grupo, um dos principais representantes do movimento grunge, foi o produtor Andrew Watt, de 33 anos, fã de décadas do Pearl Jam, que guiou o processo de feitura do álbum e inclusive toca em algumas faixas. “Um dos meus objetivos era tipo, ‘vamos fazer isso soar como um show do Pearl Jam, mas em estúdio'”, disse Watt à revista Rolling Stone.

“Scared of Fear” e “React, Respond”, as enérgicas duas primeiras músicas, poderiam estar em “Vitalogy”, o terceiro disco do Pearl Jam, ou talvez até em “Vs.”, o potente trabalho anterior. Já a baladinha “Wreckage” não ficaria fora de contexto em qualquer álbum lançado a partir de “Yield”, de 1998 —as melodias da faixa e o típico jeito com que Eddie Vedder canta a deixam com cara de hit radiofônico.

Não há muita variação entre as músicas do novo álbum, de modo que quem gosta de rock direto e bem executado, como na faixa título e em “Running”, vai curtir o disco. Seus pouco menos de 50 minutos fluem como uma brisa.

Por outro lado, o Pearl Jam que ouvimos em “Dark Matter” não é a banda sofrida e profunda de “Ten”, o primeiro disco, de 1991, que catapultou a banda ao estrelato com hits como “Alive”, “Even Flow” e “Jeremy”, esta sobre o suicídio de um adolescente. O novo álbum está mais para uma celebração da vida.

Na terça-feira (16), o disco foi tocado na íntegra em salas de cinema em dezenas de países, mas esta estratégia prejudicou o álbum. Na sessão no Cinemark do shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, a qualidade do som era tão ruim que parecia que o arquivo de áudio original havia sido pirateado da internet —a separação estéreo era precária e os instrumentos não se distinguiam com clareza uns dos outros.

Foi um desserviço ao disco, mas talvez isso não tenha importado para o público. As pessoas conversavam sobre as músicas e comiam pipoca, sem formar uma comunhão de fãs que saíram de casa para ouvir uma banda da qual gostam muito num sistema de som que deveria ser melhor que o da minha sala.

“Dark Matter” é um disco para ser ouvido bem alto, em casa ou nos fones. Tocado ao vivo, deve ser um sonho.

DARK MATTER

Avaliação Muito bom

Quando Sex. (19)

Onde Nas plataformas digitais

Preço CD ou vinil importado, de R$ 199 a R$ 349

Autoria Pearl Jam

Gravadora Universal Music

Link: https://www.umusicstore.com/pearl-jam

JOÃO PERASSOLO / Folhapress

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