RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Fred chegou revoltado e impressionado ao vestiário. Atacante do Fluminense na época, ele passou um recado ao presidente Mário Bittencourt: “Precisamos contratar esse cara”. O sujeito em questão era Felipe Melo.
O relato na súmula daquele jogo contra o Palmeiras trouxe uma justificativa incomum para um cartão amarelo ao capitão do Palmeiras na ocasião: “Chutar a bola de jogo, posicionada na marca penal, como forma de protestar contra a decisão da arbitragem”.
Mas essa atitude, não muito nobre, que envolveu a anulação de um pênalti na derrota do Palmeiras por 2 a 1, no Maracanã, pelo Brasileiro 2021, foi o combustível para que o tricolor se interessasse pelo capitão do clube paulista a partir daquele jogo.
Felipe Melo, como se sabe, viraria um dos pilares do Fluminense campeão da Libertadores, dois anos depois.
QUAL O CONTEXTO?
O cartão amarelo foi a atitude mais extrema de Felipe Melo depois que o árbitro Caio Max Augusto Vieira marcou pênalti para o Fluminense, perto dos 30 minutos do segundo tempo. O jogo estava empatado.
A reclamação do capitão do Palmeiras foi incisiva, mas era pertinente. Até os adversários viram na cena algo crucial para que o pênalti marcado fosse anulado.
Fred estava ao lado porque seria o cobrador. E viu Felipe Melo dar o bico na bola antes de qualquer chance de acelerar o processo para evitar a revisão.
Raphael Veiga tinha sido empurrado pelo volante Wellington na origem da jogada. E Felipe Melo não sossegou enquanto Caio Max não fosse ao monitor do VAR revisão, na verdade, estava em curso na cabine. “Eu quero bater o pênalti, gente”, dizia o árbitro aos jogadores, enquanto os colegas checavam o lance.
Até que Felipe Melo deu o chute na bola, já na marca do pênalti. De imediato, o árbitro deu amarelo e fez o sinal do VAR com as mãos. Penalidade anulada.
Naquele mesmo jogo, outra situação chamou a atenção da diretoria tricolor e mostrou um contraste entre o Felipe Melo dentro e fora de campo. Deyverson, do Palmeiras, se envolveu em confusão com jogadores do Flu e com o próprio presidente, Mário Bittencourt.
A discussão subiu de tom, mas Felipe Melo veio ao cartola tricolor e disse para relevar porque Deyverson era um bom rapaz. Os ânimos se acalmaram.
FLU QUERIA JOGADORES CASCUDOS
A “dica” de Fred e a percepção geral do comportamento de Felipe Melo vieram a calhar para a característica de jogador que a diretoria do Fluminense queria para a temporada seguinte.
O time tinha muitos jogadores jovens, inexperientes, e foi atrás de nomes mais cascudos, ainda que tivesse que pagar mais por eles.
Felipe Melo ficou livre no mercado após não renovar com o Palmeiras. Havia interesse por parte do Internacional, mas o destino foi o Fluminense. Nessa leva inicial na janela do começo de 2022 também vieram Willian Bigode, Fábio e Cano.
Hoje campeão da Libertadores, o zagueiro de 40 anos não se arrepende. A diretoria do Flu também não.
IGOR SIQUEIRA / Folhapress