BARRETOS, SP (FOLHAPRESS) – O maior prêmio na temporada nacional de rodeios estará em disputa a partir desta quinta-feira (24) por peões de três países que participarão do Barretos International Rodeo, principal atração da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos.
No ano em que a disputa internacional completa 30 anos, peões de Brasil, México e Estados Unidos disputarão até domingo (27) um prêmio de US$ 40 mil (cerca de R$ 200 mil) e a consagração na história da modalidade no país.
A festa de Barretos, mais tradicional do gênero no país, está em sua 68ª edição e tem como característica consagrar azarões na arena e não dar muitas chances de título a competidores estrangeiros.
Tanto que o tricampeão mundial Adriano Moraes, maior ídolo dos peões brasileiros, nunca venceu a disputa no estádio de rodeios projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012).
“Fui duas vezes campeão brasileiro, mas nunca ganhei Barretos. Então, aqui, toda vez que entro nessa arena, me dói um pouco o coração, porque nunca ganhei esse evento”, disse o ex-peão no primeiro dia de disputa, que valia o título do circuito da PBR (Professional Bull Riders).
Até agora, somente dois peões estrangeiros obtiveram o título: Tuff Hedeman (EUA), em 1993, e Ted Wad Flora (EUA), em 2012.
No caso de Hedeman, porém, o rodeio foi conquistado num ano com dois campeões, um seguindo o regulamento brasileiro da época (Mozart Rodrigues Junior) e outro disputado com as regras norte-americanas, caso do peão estrangeiro.
O rodeio internacional é um dos três em disputa nos 11 dias de festa. O primeiro fim de semana foi marcado pelo título obtido pelo goiano Jean Pereira, 27, na PBR, o que lhe rendeu uma premiação de R$ 100 mil.
No sábado (26) será conhecido o campeão da LNR (Liga Nacional de Rodeio), cujas disputas preliminares ocorreram entre segunda-feira (21) e quarta (23).
“Quem é campeão de Barretos entra para a história, fica eternizado na memória de todo mundo que é contemporâneo, vai entrar no hall da fama. A gente sabe que a fama aqui é uma fama mundial”, disse Moraes.
A festa de Barretos neste ano terá mais de cem shows distribuídos em cinco palcos até domingo e prevê um público total de 900 mil visitantes.
“Tem muitos peões novos disputando a festa e isso é bom, deixa as montarias mais leves”, afirmou Marcos Abud, diretor de rodeios de Os Independentes, associação que organiza a festa.
No total, a fase internacional de Barretos, iniciada em 1993, reunirá 35 peões.
DISPUTAS QUESTIONADAS
As disputas realizadas na arena de rodeios, especialmente a de touros, são questionadas por associações de proteção animal, que afirmam existir maus-tratos nas arenas brasileiras.
As entidades afirmam que o sedém (cinta presa ao animal) e a espora machucam os animais e que há muitas lesões nos touros.
Barretos lançou nos últimos anos uma campanha intitulada “verdades e mentiras” sobre o rodeio e alega que o sedém é de algodão e não causa lesão ou dor nos animais.
Outras queixas são em relação ao som alto e à iluminação das arenas, que estressariam os animais, o que é negado pelas organizações dos eventos.
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REGRAS DAS MONTARIAS EM TOURO
Objetivo
Peão precisa ficar oito segundos montado no touro para pontuar; se cair antes, a nota é zero
Pontuação
São avaliados os desempenhos do peão e do animal, com no máximo 50 pontos para cada um; a soma deles é a nota do participante. Montarias consideradas boas recebem acima de 85 pontos
O que não pode
Peão deve usar só uma mão na montaria; se encostar a outra no touro, é desclassificado. Também não é permitido “enroscar” a espora na corda para buscar firmeza
Segurança do touro
Espora pontiaguda é proibida, para não machucar o animal
Segurança do peão
Competidores têm utilizado nos rodeios profissionais coletes e capacetes para se protegerem
MARCELO TOLEDO / Folhapress