PepsiCo desiste do projeto do ‘Largo da Batata Ruffles’ após críticas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quatro dia após o prefeito Ricardo Nunes (MDB) dizer que “Largo da Batata Ruffles” foi um erro e que não sabia do projeto, a empresa PepsiCo, proprietária da marca, anunciou a desistência do projeto acertado com a subprefeitura de Pinheiros para criar a campanha publicitária no espaço público na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, zona oeste da cidade.

Em nota enviada à Folha, a empresa afirmou que o objetivo do projeto sempre foi o de oferecer benefícios e melhorias para a população que frequenta o largo. “Lamentamos a percepção que pode ter sido gerada sobre intenções eventualmente diferentes desta”, destaca.

A PepsiCo disse ter um histórico de boas práticas de parcerias no estado de São Paulo e em outras regiões do país, e afirmou que irá repensar a iniciativa como um todo, “uma vez que contribuir com o desenvolvimento socioambiental das comunidades continua sendo um forte compromisso da PepsiCo, presente há 70 anos no Brasil”.

No último sábado (14), Nunes disse à Folha que não sabia da autorização, publicada no Diário Oficial do Município. “Eu não tinha conhecimento da autorização que o subprefeito deu. Houve um erro de fluxo nesse processo, isso deveria passar pela Secretaria Municipal de Licenciamento e Urbanismo, passar por um conselho e que não passou, então houve uma falha ali na emissão do documento.”

‘O CEO É O LIMITE’

O prefeito se referia à Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), que agora vai analisar os termos da parceria. A declaração foi dada durante agenda do prefeito no Autódromo de Interlagos, onde ocorrem corridas da 12ª etapa da Stock Car Pro Series, na tarde deste sábado.

Segundo o subprefeito de Pinheiros, Alan Cortez, o termo foi suspenso porque a PepsiCo começou a fazer publicidade sobre a ação. “O termo de cooperação nada mais é do que cuidar da zeladoria urbana da praça. Ele tem a prerrogativa de somente cuidar da zeladoria urbana da praça. O que a empresa fez? Ela desvirtuou o termo. Porque ela começou a fazer uma propaganda de publicidade.”

Como a subprefeitura não pode autorizar publicidade e mobiliário urbano, Cortez disse que decidiu suspender o termo e encaminhar o processo à CPPU. O subprefeito confirmou que Nunes não teve envolvimento no processo. “O prefeito não tem culpa, ele não sabe [do caso] porque isso é uma rotina administrativa, é apenas um termo de cooperação. O termo de cooperação que eu faço é diariamente, mensalmente, com outras empresas também.”

O acordo havia sido assinado em 28 de novembro e se tratava de um contrato de comodato (espécie de aluguel sem custo) de bens e serviços e doação, celebrado entre a Prefeitura de São Paulo, a Social Service Comunicação Mkt de Responsabilidade e a Pepsico do Brasil.

Nas redes sociais, muitos se manifestaram contra a iniciativa. Alguns usaram a ironia para sugerir outros nomes hipotéticos vinculados a marcas, como Avenida Leite Paulista, Viaduto do Chá Mate Leão, Ladeira Porto Seguro […] continuem a cafonice”, disse um internauta. “Avenida Brigadeiro de Leite Moça”, “Travessa Vidros Marinex”, “Vila Carrão Chevrolet”, “Lá No Posto Ipiranga” e “Casa de Apostas Betano Verde” foram outras sugestões feitas.

LUCAS LACERDA / Folhapress

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