RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A proporção de domicílios com aparelho de televisão no Brasil recuou de 94,9% em 2022 para 94,3% em 2023, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o instituto, o percentual vem caindo de forma consecutiva e lenta ao longo da série histórica, iniciada em 2016. À época, a proporção de lares com televisão era de 97,2%.
“Isso pode refletir mudanças de hábito da população, mas é gradual”, disse Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE, em apresentação a jornalistas.
Os dados integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre TIC (tecnologia da informação e comunicação).
Em termos absolutos, o número de domicílios com televisão no Brasil até cresceu, de 71,5 milhões em 2022 para 73,9 milhões em 2023. Isso, contudo, não foi suficiente para evitar a perda de participação nos dois últimos anos.
Em igual período, o número de lares sem televisão cresceu de 3,8 milhões para 4,5 milhões. Com o resultado, esses lares passaram de 5,1% do total em 2022 para 5,7% em 2023.
O patamar mais recente é o maior da série. Em 2016, somente 2,8% dos endereços não tinham televisão no Brasil.
Questionado se os números mais recentes mostram que a população está vendo menos TV, Fontes disse que a redução do percentual de domicílios com o aparelho “de certa forma sinaliza nesse sentido”.
“Talvez o interesse possa estar diminuindo, mas a queda é gradual”, ponderou.
Segundo o analista, a explosão das plataformas de streaming de vídeo pode explicar parte do quadro ao longo dos últimos anos, mas não a totalidade. Essas plataformas podem ser acessadas por meio de televisores ou de outros equipamentos.
Conforme o IBGE, a proporção de lares sem recepção de sinal de TV aberta ou fechada subiu de 3,9% em 2022 para 5,2% em 2023.
A investigação sobre streaming de vídeo na Pnad começou apenas em 2022. A análise desse tópico leva em consideração os domicílios com televisão.
Em 2023, 42,1% dos lares com o aparelho tinham acesso a streaming de vídeo pago. O percentual era de 43,4% no ano anterior.
Entre os domicílios com streaming, 6,1% não possuíam conexão com TV aberta ou com TV por assinatura em 2023. Esse percentual era menor, de 4,7%, em 2022.
A TV por assinatura está em queda ao longo da série. Em 2023, 25,2% dos lares com televisão tinham acesso ao serviço, o menor nível da pesquisa. No começo do levantamento, em 2016, a proporção era de 33,9%.
Nos domicílios com televisão e sem a modalidade por assinatura, o IBGE perguntou qual era o principal motivo de não haver o serviço. Falta de interesse (54%) e serviço caro (39,4%) foram as principais respostas.
LEONARDO VIECELI / Folhapress