SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As perdas de cereais provocadas pelas catástrofes climáticas no Rio Grande do Sul somaram 2,5 milhões de toneladas no estado, conforme dados divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nesta quinta-feira (13).
Na estimativa de abril, antes das enchentes, o órgão governamental avaliava a safra total de grãos dos gaúchos em 40,1 milhões de toneladas. A estimativa atual indica 37,6 milhões.
As perdas no arroz, o principal ponto de discussão no país no momento devido à importância do Rio Grande do Sul e dos leilões de importação do cereal, somam 393 mil toneladas.
As novas estimativas de produção para o estado são de 7,08 milhões, apenas 5% menor do que o previsto em abril. A safra total nacional de arroz será de 10,4 milhões de toneladas, ainda acima dos 10 milhões do ano passado.
Com essa nova estimativa da Conab, o governo terá de reavaliar a intenção de importar até 1 milhão de toneladas. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam um volume de quebra ainda menor, de 121 mil toneladas durante as enchentes.
Pelas contas do IBGE, a safra nacional de arroz será de 10,5 milhões de toneladas, também acima do volume do ano passado, que ficou em 10,3 milhões, segundo seus cálculos.
O governo terá de reavaliar o volume de importação para não trazer um excesso de arroz para o mercado, mas as perdas, restritas conforme os novos números, não justificam a forte aceleração dos preços vindos de produtores e de indústrias nas últimas semanas.
No início de abril, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a saca de arroz estava cotada em R$ 99 no Rio Grande do Sul. Com a enchente, o cereal chegou a acumular aumento de 23% no estado, o que fez o governo promover os leilões de compra externa. O primeiro foi adiado, e o segundo, após realizado, foi cancelado. Os preços internos do cereal já estão cedendo.
Em uma atípica divulgação dos dados de safra neste mês, sem a presença da direção da entidade e de representante do Ministério da Agricultura, ao contrário do que ocorre todos os meses, a Conab apontou uma quebra de 1,7 milhão de toneladas na safra de soja gaúcha, agora estimada em 20,2 milhões de toneladas.
A quebra na produção de milho é de 216 mil toneladas, e a de trigo fica 192 mil a menos. Esses números comparam os dados divulgados em abril, antes das enchentes, com os deste mês.
No quadro de oferta e demanda, o governo terá de ajustar os dados do arroz. A Conab ainda considera a importação de 2,2 milhões de toneladas na safra 2023/24, um volume 53% superior ao do período 2022/23.
No mês passado, diante da aceleração dos preços internos, o governo elevou em 750 mil toneladas as estimativas de compra externa do cereal, em relação ao que previa em abril.
Conab e IBGE divulgaram os dados totais estimados para a safra 2023/24. Se os números da Conab se confirmarem, a produção brasileira de grãos recua para 297,5 milhões de toneladas, 22,3 milhões a menos do que no período anterior.
Já os números do IBGE indicam uma safra de 297 milhões de toneladas, 19 milhões a menos do que em 2022/23. A redução da safra ocorre devido aos efeitos climáticos nas principais regiões produtoras do país.
Os números de soja e de milho, os dois principais produtos da pauta de produção de grãos no Brasil, foram reavaliados. A produção de soja fica próxima de 147 milhões de toneladas, segundo as duas entidades, e a de milho, em 114 milhões.
O algodão, com aumento de área plantada, elevação de preços e boa demanda externa, continua sendo um dos destaques neste ano.
MAURO ZAFALON / Folhapress