SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um HD externo apreendido de Carlos Veiga Filho, ex-professor do colégio paulistano Rio Branco preso por suspeita de estupro de vulnerável, continha vasta quantidade de fotos pornográficas de menores de idade, afirma o Ministério Público.
Segundo a Promotoria de Justiça de Serra Negra (SP), que investiga acusações contra o professor, o material envolve adolescentes do sexo masculino e reforça a prova no processo em curso. Ele responde na Justiça por um caso relacionado a um período em que ele dava aulas no interior do estado.
O promotor responsável pela apuração, Gustavo Pozzebon, pediu à Justiça a abertura de um novo processo contra o educador pela aquisição, posse ou armazenamento de material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo crianças ou adolescentes.
As informações foram publicadas pelo UOL e confirmadas pela reportagem. Procurada, a defesa de Carlos Veiga Filho não respondeu até a publicação deste texto.
Veiga Filho, 61, está preso desde 11 de junho após ter sido detido em Hortolândia, no interior de São Paulo, sob suspeita de estupro de vulnerável. Ele havia sido detido após uma confusão em um condomínio de Hortolândia, após checagem de documentos feita por policiais militares que atenderam a ocorrência.
No processo que já corria na Justiça, ele é acusado de manter relações sexuais com três menores de 14 anos no apartamento e nas dependências da escola em que trabalhava no interior de São Paulo. A defesa nega e afirma que ele nunca cometeu nenhum crime em sua carreira de mais de 30 anos como professor.
RELATOS DE ABUSO
Após a prisão de Veiga Filho, surgiram relatos de 20 anos atrás sobre supostos abusos cometidos quando ele ainda era professor no colégio Rio Branco, escola tradicional de São Paulo com unidades na capital e em outras cidades paulistas.
Segundo a Promotoria de Serra Negra, casos antigos poderiam servir para contexto da acusação, já que eventuais crimes cometidos já estariam prescritos.
A reportagem ouviu relatos de outros casos em que teria havido ritual de masturbação para integrar as chefias de monitoria e denúncia ao colégio ainda nos anos 1990. Segundo um ex-aluno, o batismo para virar “monitor sênior” começou com um convite à noite, quando os alunos estavam dormindo. Além de ter se despido, sido vendado e fotografado nu por um amigo, ele afirma que foi instruído a se masturbar na foto de uma mulher.
Ele afirma que foi fotografado por Veiga Filho no batismo com outros garotos, também em 1999. Diz ainda que a pior parte foi se tornar, depois de sua iniciação, o padrinho de outros estudantes, conduzindo 20 garotos para esse batismo.
O rapaz diz ainda que, após o caso, passou anos fazendo terapia e chegou a ser internado, mas não tinha percebido que tinha sido vítima de abuso. Só chegou a essa conclusão anos mais tarde, depois de sofrer uma outra tentativa de assédio.
LUCAS LACERDA / Folhapress