PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O IGP-RS (Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul) confirmou nesta sexta-feira (10) a presença de arsênico no corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro da mulher suspeita de ter envenenado o bolo que deixou três pessoas mortas em Torres, no litoral norte do estado.
Paulo morreu em setembro, três meses antes da confraternização familiar na qual foi servido o bolo contaminado por arsênio. Com a identificação de veneno no organismo de Paulo, a nora Deise Moura dos Anjos agora é considerada suspeita de quatro assassinatos.
A sogra de Deise e autora do bolo, Zeli Teresinha dos Anjos, 61, teve alta hospitalar nesta sexta.
Ela foi interrogada pelo caso e negou participação nos crimes. Segundo a delegada regional Sabrina Deffente, a suspeita falou de forma firme e convincente em seu depoimento. “Ela é uma pessoa extremamente manipuladora”, disse.
Paulo morreu após consumir bananas e leite em pó que foram levados para sua casa pela nora. A suspeita é que o leite em pó estava envenenado com arsênio, assim como a farinha usada para fazer o bolo.
A morte foi atribuída originalmente a uma infecção intestinal decorrente de uma intoxicação alimentar, mas os indícios de envolvimento de Deise no envenenamento do bolo levaram a polícia a pedir a exumação do corpo.
Segundo a polícia, Deise agiu ativamente para ocultar sua participação na morte e teria tentado persuadir a família a cremar o corpo do sogro, sem sucesso. Ela também levantou a possibilidade de que as bananas haviam sido contaminadas pelas enchentes de maio no Rio Grande do Sul.
“Nós temos provas robustas que essa mulher não só matou quatro pessoas e tentou matar outras três, mas também que ela tenha participado de outras tentativas de homicídio”, disse o delegado Marcos Vinicius Veloso, responsável pelo caso.
Deise confirmou em depoimento que pesquisou sobre venenos no celular em setembro e dezembro, mas diz que o fez somente após os incidentes mortais. Entretanto, a investigação confirmou que foram feitas quatro compras de arsênio em cinco meses, uma antes da morte do sogro e três antes do incidente com o bolo. Uma das três já teve o código de rastreio e a nota fiscal identificada.
“Naquele momento, ela já criava um álibi para o que pudesse ser encontrado no celular dela”, disse a delegada.
Deise foi presa preventivamente no domingo (5) e levada ao Presídio Estadual Feminino de Torres, suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado, ainda sem confirmar o possível envolvimento na morte do sogro.
As vítimas do envenenamento do bolo foram irmãs de Zeli, Maida Berenice Flores da Silva, 59, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65, além da sobrinha Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza.
CARLOS VILLELA / Folhapress