PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro da suspeita de ter envenenado o bolo que causou a morte de três pessoas em Torres (RS) em dezembro, foi exumado nesta quarta-feira (8) pelo IGP-RS (Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul).
Em um processo de cerca de 15 minutos, o túmulo no Cemitério São Vicente, em Canoas, foi aberto para a retirada dos restos mortais, levados para perícia em Porto Alegre, e selado novamente.
A Polícia Civil gaúcha aguarda os resultados para investigar se Deise Moura dos Anjos, nora de Paulo, tem algum envolvimento no caso.
O resultado da exumação deve ser concluído em até dez dias, segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron. A perícia do corpo foi solicitada logo após a morte das vítimas e foi autorizada pela Justiça no dia 31 de dezembro.
A polícia quer confirmar a causa da morte de Paulo e apurar a possível presença de substâncias venenosas em seu organismo, como arsênio, encontrado no corpo das outras três vítimas.
Deise foi presa preventivamente no domingo (5) e levada ao Presídio Estadual Feminino de Torres, suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado, mas sem nenhuma acusação relacionada à morte de Paulo.
A polícia diz ter provas que Deise é a responsável por contaminar com arsênio a farinha que a sogra, Zeli Teresinha dos Anjos, 61, usou para preparar um bolo servido em uma confraternização familiar no dia 23 de dezembro.
Entre as evidências, há a identificação de pesquisas sobre arsênio e tipos de veneno em aplicativos de busca no celular da suspeita. O aparelho está sob perícia.
As vítimas do envenenamento foram irmãs de Zeli, Maida Berenice Flores da Silva, 59, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65, além da sobrinha Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza. Zeli deixou a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do hospital de Torres na segunda, e segue internada em estado estável.
Deise não estava presente no momento da confraternização. O marido dela, filho de Paulo e Zeli, também não estava no local. Ele não é considerado suspeito no caso.
A investigação diz que a motivação seria uma desavença familiar causada por um conflito ocorrido há 20 anos. A polícia não divulgou detalhes sobre o conflito.
A Folha de S.Paulo procurou o advogado Vinicius Boniatti, que representava Deise e a acompanhou no primeiro dia de prisão. Ele disse ter sido comunicado por familiares que ela tem uma nova defesa. A reportagem não conseguiu contato com os novos advogados.
CARLOS VILLELA / Folhapress