BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Um pescador de 85 anos foi resgatado na última segunda-feira (29) após ter ficado dias atolado na região do Alto Solimões, localidade no Amazonas próximo à tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia.
De acordo com Lucas Gomes, que coordenou a operação de resgate da Defesa Civil no local, Belmiro Tavares conhecia a região, mas pode ter sido surpreendido pela velocidade com que o rio Solimões baixou por causa da seca severa que atinge a região.
“Pela minha experiência e pelo que deu para perceber no corpo dele, ele ficou encalhado lá desde o sábado [dia 27], quando o rio desceu muito rápido. Ele deve ter saído da canoa e tentado empurrá-la, só que o banco de areia impossibilitou”, disse Gomes.
“Ele tem uma idade avançada, mas até nós da Defesa Civil tivemos dificuldade para acessar o local”, completou.
Gomes afirmou que a seca tem feito o curso d’água do Solimões descer até 40 centímetros por dia.
O pescador saiu da comunidade Santa Rita do Weill, onde mora, no dia 23 de julho, e havia sido visto pela última vez dois dias depois. No dia 27, a família acionou a Defesa Civil do município de São Paulo de Olivença (AM).
O coordenador do resgate disse que o pescador estava a cerca de sete quilômetros da comunidade em que vive e que só foi possível encontrá-lo graças ao uso de um drone emprestado pela assessoria de comunicação da prefeitura.
“Ele estava coberto de lama, debilitado, falava muito baixo. Estava lúcido, mas muito cansado e desidratado”, disse Gomes.
Após o resgate, o pescador foi encaminhado para o hospital Robert Backsmann, no mesmo município, onde segue internado em tratamento.
O agente da Defesa Civil disse que esta foi a primeira vez que participou do resgate de uma pessoa atolada –segundo ele, o mais comum é atuar no combate a incêndios florestais.
Ele ressaltou, porém, que impressiona a velocidade com que a água do rio Solimões tem baixado, e contou que quatro balsas que carregavam combustível ficaram encalhadas próximo à comunidade de Santa Rita do Weill na última semana.
A seca que atinge a região Norte do país fez o governo do Amazonas decretar, em julho, situação de emergência em 20 municípios nas calhas dos rios Juruá, Purus e alto Solimões -São Paulo de Olivença está entre eles.
O ciclo da estiagem em 2024 foi iniciado em junho com o princípio da vazante, que deve atingir em outubro o pico nos rios Solimões, Negro e Amazonas. Mas o governo decidiu antecipar as ações para tentar diminuir os efeitos da seca, que pode ser recorde neste ano.
Na terça (30) foi a vez do governo do Acre decretar emergência devido à seca, que causa desabastecimento de água, queimadas e erosões.
Em 2023, a estiagem foi extrema na região. Rios como Negro, Solimões, Amazonas e Madeira atingiram suas mínimas históricas, e comunidades ficaram isoladas, sem água ou comida.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress