SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O apresentador José Luiz Datena (PSDB) admitiu o seu fraco desempenho na campanha para justificar o seu resultado nas urnas, neste domingo (6).
“Foi péssimo [o meu desempenho]! Foi horrível! Foi muito abaixo da crítica”, afirmou Datena. “Mas acho que, se eu tivesse mais tempo para estudar o que é a política, você viu que eu fui melhorando”.
Na sede municipal do PSDB, Datena abriu a rodada entrevistas com jornalistas antes mesmo do término da apuração das urnas. Ele ficou em quinto, com 1,83% dos votos, atrás de Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) e os candidatos que passaram ao segundo turno: Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).
O fiasco na eleição ratificou o cenário desenhado pelas pesquisas de intenção de votos desde setembro. Ele mantinha a esperança de deixar a aventura política com um resultado menos vexatório.
“Na campanha, não se encaixou o apresentador de televisão. Não se encaixou aquele cara que há muito tempo fala três, quatro horas sem parar, que narra futebol, que faz programas de rádio, que faz todo tipo de programa. Não se encaixou no personagem do político”, lamentou Datena. “Não deu certo!”
Datena também afirmou que pretende continuar no PSDB, porém, não planeja se candidatar a nenhum cargo político.
“Nem tenho tempo e nem pretendo experimentar novas posições políticas, a não ser que o partido queira que eu ajude algum candidato que saiba, por exemplo, se expressar politicamente”, afirmou.
A partir desta segunda, ele deve tirar algumas semanas de férias e, na sequência, pretende voltar a apresentar o programa Brasil Urgente, na Band. O contrato com a emissora vai até o final do ano, e há um acordo verbal para que seja renovado.
O comunicador está disposto a seguir na emissora. “Só não volto antes, porque não seria ético”, disse ele.
Para o candidato, a cadeirada em Pablo Marçal (PRTB) pouco interferiu no resultado deste domingo. Em sua estreia na política, e depois de quatro desistências, o jornalista teve um início animador. As primeiras pesquisas o indicavam próximo de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) entre os políticos que tinham melhor índice de intenção de votos.
Durante a campanha, Datena admitiu que não tinha calculado a carga de estresse de um pleito eleitoral. Chegou a ser submetido a uma bateria de exames no hospital Sírio Libanês em decorrência de um mal-súbito.
Em seguida, perdeu o fôlego para a campanha. Os próprios assessores tentaram convencê-lo a intensificar suas agendas pelas ruas, recomendação ignorada pelo apresentador de TV.
A ascensão de Marçal impactou negativamente a campanha de Datena. Fora isso, o próprio tucano reconheceu seus erros no percurso.
Ele teve dificuldades para elencar suas propostas e promessas para o município, virou meme por gaguejar em público durante os debates e só conseguiu o protagonismo com a cadeirada no autointitulado ex-coach. Teve até quem fixou cartaz na sede do PSDB em São Paulo, com desenho de uma cadeira e palavra de agradecimento.
“Quando eu estava em primeiro lugar, falavam: olha a força da televisão, o cara está em primeiro lugar sem fazer campanha e tal. Eu não sabia que eu ia entrar em campo e ia fazer um gol contra, como foi aquele debate da Band [o primeiro da disputa]”, afirmou.
Assediado na rua pelos fãs telespectadores, o comunicador reagiu com solicitude aos pedidos de selfies e negava-se a pedir votos. Quando uma mulher perguntou qual o número do jornalista nas urnas, ele titubeou.
“É 45, né, Zé?”, perguntou Datena para José Aníbal, candidato a vice-prefeito e presidente municipal do PSDB.
Durante o período oficial de campanha, Datena realizou apenas 28 agendas nas ruas em 50 dias entre 16 de agosto e 5 de outubro. Campeões de compromissos eleitorais, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) e atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) foram às ruas, respectivamente, 105 e 94 vezes.
Neste sábado, enquanto Nunes, Boulos e Tabata caminhavam com seus principais apoiadores (pela ordem, Tarcísio de Freitas, Lula e Geraldo Alckmin), o tucano ficou em casa. Já esperava a derrota confirmada neste domingo.
CARLOS PETROCILO / Folhapress