SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Gustavo Petro, presidente da Colômbia, e Donald Trump, dos EUA, abrem fogo na guerra das tarifas (e apagam depois), governo americano quer mais petróleo e menos cataventos na geração de energia e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (27).
**COLÔMBIA DESAFIA A MIRA DE TRUMP**
Os desejos do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor taxas a quem desagradá-lo não é segredo para ninguém. A primeira promessa cumprida veio quando o governo colombiano decidiu contrariá-lo.
– A briga resultou no anúncio de taxas alfandegárias de 25% a produtos colombianos e o desejo de aumentá-las para 50% em uma semana;
– No fim, os dois entraram em um acordo sobre questões de deportação e tudo isso entrou em pausa.
TRANQUILIDADE INICIAL
Ao ver que nenhuma tarifa foi decretada nos primeiros dias do novo mandato de Trump, o mercado financeiro liberou um pouco da apreensão inicial com o governo.
↳ Essa relativa tranquilidade ajudou a segurar o câmbio: o dólar perdeu força ante ao real e fechou alguns pregões abaixo dos R$ 6 o que não acontecia desde dezembro.
EFEITO DOMINÓ
A expectativa era de que as primeiras tarifas impostas viriam de pautas mais econômicas do que sociais, como acirrar a guerra comercial contra a China, por exemplo.
O estopim da treta fiscal, porém, foi outro dos assunto favoritos dele: a imigração.
Centenas de imigrantes em situação ilegal nos EUA foram deportados nos últimos dias, boa parte deles, latinos.
Relatos de agressões, tratamento degradante e ameaças contra os imigrantes suscitaram a indignação do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que reagiu proibindo que dois aviões americanos trazendo cidadãos colombianos entrassem no país.
Trump impôs a medida econômica. Publicou na rede social criada para seus apoiadores, a Truth Social, suas determinações.
Tarifas emergenciais de 25% sobre produtos colombianos importados para os EUA. Em uma semana, aumentarão para 50%.
“Esse é só o começo. Não vamos permitir que o governo colombiano viole suas obrigações em relação ao retorno dos criminosos que eles forçaram a entrada nos EUA, escreveu.
NENHUM SAPO ENGOLIDO
Petro respondeu com a imposição de uma tarifa de 50% na importação de produtos americanos para a Colômbia.
Nas redes sociais, publicou manifestos contra as imposições de Trump.
A Colômbia deixa agora de olhar para o norte e passa a olhar para o mundo (…) Não nos dominará nunca, se opõe ao guerreiro que cavalgava nossas terras, gritando liberdade, que se chamava Bolívar, digitou o líder colombiano.
VALENTÃO?
A imposição das medidas econômicas aumenta o clima de incerteza no mercado internacional e coloca novas cartas no jogo.
A impressão de investidores é que Trump pode usar o poder econômico do país para reprimir medidas que o contrariem, o que cria um ambiente de insegurança nas negociações.
**”DRILL, BABY, DRILL!”**
Energia é a bola da vez. Se você não ouve falar do assunto muitas vezes, não está tão ligado assim no que acontece na economia (para isso, basta abrir seu email de segunda a sexta).
Uns países pendem para a transição energética, procurando matrizes mais sustentáveis, outros, preferem manter as coisas (e as emissões de CO2) como sempre foram. E tem os EUA, que oscilam de um lado para o outro.
A VISÃO DE BIDEN
A mudança de uma matriz energética baseada em combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural, para uma sustentável, era uma das principais bandeiras do presidente anterior dos EUA, Joe Biden.
Ele investiu na construção de plantas eólicas e solares no país e off-shore, sustentadas por plataformas no mar.
Seu objetivo era possibilitar a produção de 30 gigawatts de energia eólica nesse formato até 2030.
A visão de Trump é oposta. O título desse destaque é uma das frases mais repetidas pelo atual líder americano durante a sua campanha. É um incentivo a perfurações para extração de petróleo e gás do solo.
Em seus primeiros dias de mandato, declarou emergência nacional na área da energia devido aos altos custos do setor.
Ele também revogou estímulos e promessas de investimento na produção de energia eólica.
POR QUE?
Alguns motivos. O primeiro, e talvez mais prevalente, é baratear os custos da produção industrial no país.
Em um momento em que os americanos se queixam da alta da inflação, ele escolheu a matriz energética para tentar segurar a alta dos preços energia mais barata, tudo mais barato.
A imposição de tarifas que analisamos no destaque anterior pode aumentar as pressões inflacionárias nos EUA. A depender de quantos países ele aplicar medidas similares, as compras podem ficar caras no país.
Reduzir os preços da energia é uma forma de tentar compensar o aumento de outros valores reduzir a inflação era uma das promessas centrais da campanha do republicano.
Pode ser bom para o Brasil? O governo acredita que sim. Somos um dos países com mais energia de fontes renováveis em sua matriz. A saída de capital americano desse mercado pode atrair o interesse de companhias para cá.
**100 ANOS É BODAS DE QUÊ?**
A GM (General Motors) completou um século no Brasil.
Foi na avenida Presidente Wilson, no bairro paulistano do Ipiranga, que começou a história da General Motors of Brazil S.A.. Vamos relembrar alguns momentos marcantes da presença dos americanos aqui.
ONDE TUDO COMEÇOU
Quando chegou em terras tupiniquins, em 1925, a GM já era um conglomerado de várias empresas automotivas.
A holding foi fundada em 1899, mas a marca Chevrolet talvez a mais conhecida pelos brasileiros apareceu em 1911.
O primeiro modelo montado no Brasil foi um Chevrolet, um pequeno furgão que veio desmontado dos EUA, uma vez que as peças ainda não eram produzidas aqui.
Para atrair os clientes, a GM montou uma exposição de veículos de luxo na rua da Consolação, também em São Paulo, em 1926. O clássico Cadillac estava entre as peças.
O primeiro Chevrolet montado no Brasil (à esq.), em 1925, ao lado do modelo de número 50 mil
A FÁBRICA
A planta fabril de São Caetano do Sul, cidade da Grande São Paulo, começou a ser construída em 1927. A montagem só começou em 1930, ainda com peças trazidas dos States.
Curiosidade: Entre agosto e setembro de 1929, um Chevrolet apelidado Pássaro Amarelo manteve-se em funcionamento por 1.170 horas e percorreu 24 mil quilômetros entre idas e voltas de São Paulo ao Rio.
Em um anúncio publicado na Folha da Noite, a GM afirmava ter batido o recorde mundial de resistência de motor.
Ficando mais BR. Em 1956, o governo de Juscelino Kubitschek criou o Geia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), que definiu um cronograma para a nacionalização de veículos e seus componentes.
Em 1957, a General Motors lançou seu primeiro modelo com algumas peças locais, o caminhão Chevrolet Brasil.
– Em 1969, a GM lançou o primeiro carro de passeio, o Chevrolet Opala;
– O Chevette é de 1973;
– Em 1982, chega o Monza, posicionado entre os dois modelos anteriores no luxo. Foi líder de vendas entre 1984 e 1986.
Daqui para frente as novidades serão modelos híbridos flex e elétricos, segundo a montadora.
**UMA LIGAÇÃO INCOMODA MUITA GENTE. 1 BILHÃO INCOMODA MUITO MAIS.
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O brasileiro recebe mais de 1 bilhão de ligações indesejadas todo mês, segundo documento da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). É o que especialistas chamam de telemarketing abusivo.
A agência disse ter bloqueado 184,9 bilhões de chamadas inoportunas na rede monitorada de 26 operadoras entre junho de 2022, quando adotou regras para restringir a prática, e dezembro de 2024.
NEM A METADE
Apenas 15% das ligações indesejadas chegam aos usuários. Cerca de 85% são bloqueadas por mecanismos de defesa. Ou seja, era para ser bem pior.
AUMENTOU
A melhor parte é que o número de chamadas está aumentando. De 2023 a 2024, o número de ligações inoportunas bloqueadas pela Anatel subiu de 76,11 bilhões, nos últimos sete meses de 2023, para 82,52 bilhões, nos primeiros sete meses de 2024.
Telemarketing abusivo é quando uma empresa faz mais de 100 mil ligações por dia com o auxílio de robôs.
Nesses casos, a ligação automatizada é interrompida se não há uma resposta imediata, necessária para o redirecionamento a um atendente ou mensagem gravada.
PODE SER PIOR
Segundo o aplicativo Truecaller, que ajuda os usuários a identificar que é o autor de uma ligação, os brasileiros recebem cerca de 32 ligações indesejadas por mês.
Isso equivale a mais de 10 bilhões de chamadas mensais, considerando os 268 milhões de linhas telefônicas ativas.
QUEM FAZ?
Muitas reclamações são feitas sobre empresas de telecomunicações, como a Claro, a Vivo e a TIM. Tanto que elas acabaram multadas.
A multa à TIM, de R$ 2,3 milhões, foi imposta após análise de “diversas reclamações de consumidores”, diz o Ministério Público de Minas Gerais, ao qual o Procon-MG está vinculado.
Em abril de 2023, a Vivo também foi condenada pela Justiça paulista a pagar uma multa de R$ 2,3 milhões por não respeitar a lista do Não me Perturbe, um sistema da Anatel para bloquear números indesejados.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
ECONOMIA
Sem mais cortes, afirmou Fernando Haddad. O ministro da Fazenda negou que medidas de contenção de gastos serão apresentadas ao presidente Lula.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Ano de 2024 teve recorde de pedidos de recuperação judicial. Alta dos juros, crédito caro, inadimplência e câmbio pressionaram mais as micro e pequenas empresas.
SANTOS
Você viu que Santos virou cidade dos idosos? Município é o único entre os grandes de SP a ter crescimento vegetativo negativo.
CRIPTOMOEDAS
O plano de criar reserva nacional de bitcoin nos EUA pode gerar corrida por criptomoedas. Trump é um entusiasta do ativo.
LUANA FRANZÃO / Folhapress