RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (8) aumentos nos preços da gasolina e do gás de botijão, em resposta à alta das cotações internacionais do petróleo e à desvalorização cambial. Os reajustes entram em vigor nesta terça-feira (9).
O preço médio da gasolina nas refinarias da estatal subirá R$ 0,20 por litro, para R$ 3,01 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro no produto vendido nos postos, o impacto esperado no preço final é de R$ 0,15 por litro.
O reajuste joga mais pressão sobre as expectativas de aumento da inflação brasileira, que mais uma vez apresentaram tendência de alta entre os economistas ouvidos pelo Boletim Focus: pela nona semana seguida, a projeção do IPCA de 2024 foi elevada.
Considerando o preço médio da gasolina no país em junho, o economista André Braz, da FGV, estima que o impacto sobre o IPCA seja sentido em julho (mais 0,08 ponto percentual) e agosto (mais 0,05 ponto percentual).
É o primeiro ajuste nos preços de venda de gasolina pela estatal desde outubro de 2023. A empresa vinha operando com elevada defasagem nas últimas semanas, diante do aumento das cotações internacionais do petróleo e da desvalorização do real frente ao dólar.
Na abertura do mercado desta segunda, por exemplo, o preço médio da gasolina nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,59 por litro abaixo da defasagem medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).
A falta de reajustes já vinha sendo questionada pelos importadores e por refinadores privados brasileiros, que reclamam de concorrência desleal com preços abaixo do mercado.
Segundo comunicado distribuído pela Petrobras nesta segunda, o preço do GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de botijão) subirá R$ 3,10 por botijão de 13 quilos. É o primeiro reajuste do produto desde julho de 2023.
A Petrobras defende que sua estratégia comercial, implantada em maio de 2023 para cumprir promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “abrasileirar” os preços, evita repasses de volatilidades no mercado internacional para os preços internos dos combustíveis no país.
A Ativa Research destaca que o reajuste da gasolina é é inferior à defasagem apontada por grandes consultorias, mas acredita que a medida é positiva para as ações da Petrobras, já que indica que a empresa “não ficará inerte em meio à alteração relevante de elementos essenciais na formação de preço de derivados”.
“O movimento também valida as falas da nova gestão quanto à continuidade da postura com relação à algumas bandeiras defendidas pela antiga gestão, como a execução da atual política de preços de derivados, o que também ajuda a diminuir a percepção de risco por parte do mercado sobre a petrolífera”, conclui.
Analistas do banco Goldman Sachs também veem o ajuste como insuficiente para cobrir as defasagens e ressaltam que, nesse momento, a Petrobras estaria operando com margem negativa no refino de gasolina.
Mas, também como a Ativa, acham que o movimento reduz a percepção de risco sobre interferência política no comando da companhia após a mudança em seu comando, com a substituição de Jean Paul Prates por Chambriard.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress