SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar das discussões recentes sobre novos tipos de investimento da Petrobras, como energias renováveis, a estatal ainda tem como foco ativos rentáveis, segundo o diretor de E&P (Exploração e Produção), Joelson Falcão Mendes.
“A gente sempre vai olhar para a rentabilidade dos ativos com a nossa forma de operar”, disse Mendes a jornalistas após painel na 24ª Conferência Anual Santander.
O diretor da Petrobras afirmou que, mesmo com o fim da política de desinvestimento da estatal em discussão pelo atual governo, ainda há espaço para a venda de ativos para as chamadas junior oils (petroleiras independentes e de menor porte).
“Já há muitos anos que a gente vem fazendo uma coisa chamada de gestão ativa de portfólio”, disse. “Isso faz parte do ciclo da indústria do petróleo. Chega um determinado momento em que ou você desinveste ou leva até o final e se responsabiliza.”
Segundo Mendes, portanto, ainda há espaço para a venda de campos de exploração e produção de petróleo para outras companhias do setor. “A gente não está de portas fechadas de forma nenhuma.”
Desde 2019, o novo plano estratégico da Petrobras prevê uma política de desinvestimento para arrecadar verba com a venda de refinarias, térmicas, campos, dentre outros ativos.
Em março deste ano, porém, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou a suspensão temporária da venda de ativos.
Além disso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem atacado a gestão passada, dizendo que o governo de Jair Bolsonaro (PL) adotou uma política “entreguista” e que os desinvestimentos faziam parte de um plano para privatizar a Petrobras, assim como foi feito com a Eletrobras.
A mudança nessa política de desinvestimento, porém, deve constar no Plano Estratégico da Petrobras para os próximos quatro anos, previsto para ser publicado no fim de 2023.
Recentemente, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, adiantou que o novo plano estratégico para o período de 2024 a 2028 deverá prever um aporte semelhante ao atual, de cerca de US$ 78 bilhões (R$ 375 bilhões), tendo como novidade um olhar para a transição energética.
Segundo Prates, quando assumiu o comando da Petrobras, em janeiro, ele teve “a nítida impressão de que a empresa estava sendo preparada para uma venda no curto prazo”, com lucros exorbitantes, venda de diversos ativos e com foco exclusivo no pré-sal.
Agora, a nova gestão busca um plano para preparar a companhia para o longo prazo, disse Prates, olhando a diversificação, mas sem deixar de dar lucro.
“Temos que continuar sendo uma empresa altamente lucrativa porque temos bons ativos, bom pessoal e conhecimento técnico do Brasil. Isso nos dá essa alavancagem para continuar sendo extremamente lucrativa e boa para os investidores, boa parceira.”
STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress