SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os preços do petróleo registraram forte alta nesta quarta-feira (3), impulsionados por ameaças de ataques de rebeldes houthis a navios no mar Vermelho, após uma ofensiva no fim de semana contra uma embarcação da Maersk, que interrompeu o transporte no local.
Além disso, explosões em Kerman, no sul do Irã, deixaram mais de cem mortos no local nesta quarta e aumentaram a tensão na região, o que também pressiona os preços da matéria-prima.
Houve, ainda, uma paralisação de produção no campo petrolífero de Sharara, na Líbia, após protestos locais, o que aumentou receios sobre o fornecimento global de petróleo e impulsionou os preços. O campo é um dos maiores do país e tem sido alvo frequente de manifestações, que reivindicam o desenvolvimento de projetos e serviços para a região.
“A paralisação de Sharara certamente contribui para a alta dos preços, especialmente do Brent”, disse Viktor Katona, da empresa de análise de energia Kpler, que avaliou a interrupção como provavelmente de curta duração.
Nesse cenário, os contratos futuros do petróleo Brent subiram US$ 2,36, ou 3,11%, para US$ 78,25, enquanto os futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA subiram US$ 2,32, ou 3,30%, para US$ 72,70.
A subida do petróleo beneficiou empresas do setor na Bolsa brasileira, que registrou alta mesmo com pessimismo no exterior.
O Ibovespa subiu 0,10% nesta quarta, aos 132.833 pontos, e as ações da Petrobras, segunda maior empresa do índice, foram as mais negociadas do dia, registrando alta de 3,12%. A PetroRio, outro grande nome do setor, subiu 3,37% e ficou entre as maiores altas da sessão.
Nesta quarta, um ataque terrorista no Irã matou pelo menos 103 pessoas, elevando ainda mais a tensão no Oriente Médio e o risco de um alastramento regional da guerra entre Israel e seus adversários, ora focada no embate entre Tel Aviv e o grupo palestino Hamas.
A ação mirou uma cerimônia que marcava os quatro anos do assassinato pelos Estados Unidos do principal general iraniano, Qassim Suleimani, morto ao ser alvejado por um drone no aeroporto de Bagdá. Pelo menos 170 pessoas ficaram feridas.
Segundo a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária do Irã, duas bombas escondidas em pastas foram detonadas por controle remoto, uma a cerca de 700 metros do túmulo de Suleimani e outra, a quase 1 km, no cemitério de Kerman (820 km a sudeste de Teerã). Inicialmente, a contagem era de 73 mortos, mas foi refeita.
Ainda não houve acusação contra Israel ou contra os EUA pelo provocativo incidente, o qual não teve autoria reivindicada há diversos grupos contrários a Teerã em operação no país.
Suleimani, que era chefe da força de elite Quds, é um herói nacional. Foi um dos principais artífices da expansão militar do Irã por meio de prepostos no Oriente Médio, notadamente o Hezbollah libanês, o Hamas palestino e os rebeldes houthis do Iêmen.
No mar Vermelho, helicópteros dos Estados Unidos repeliram no fim de semana um ataque de houthis do Iêmen a um navio porta-contêineres da empresa Maersk, afundando três embarcações e matando dez rebeldes, de acordo com autoridades americanas, a Maersk e houthis.
Após o ataque, a Maersk suspendeu o transporte pelo local, uma das rotas comerciais mais importantes do mundo.
A dinamarquesa Hapag-Lloyd, outro relevante nome do setor, também anunciou que seus navios continuarão evitando a região, preferindo a rota pelo extremo sul da África, até pelo menos 9 de janeiro.
Os dois gigantes do transporte marítimo estão redirecionando algumas viagens para o Cabo da Boa Esperança, no sul da África, após militantes houthis do Iêmen começarem a atacar navios de carga no mar Vermelho.
A questão ameaça aumentar os custos de entrega das mercadorias, sob o risco de dar início a um novo surto de inflação global.
O Canal de Suez é usado por cerca de um terço dos transportes globais de cargas em contêineres. Redirecionar os navios ao sul da África deve custar até US$ 1 milhão a mais em combustível para cada viagem de ida e volta entre a Ásia e o norte da Europa.
Os houthis, apoiados pelo Irã e que controlam regiões do Iêmen após anos de guerra, começaram a atacar navios internacionais em novembro em sinal de apoio ao Hamas.
Redação / Folhapress