SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (1º) pai e filho em Vinhedo, interior de São Paulo, suspeitos de integrarem uma organização criminosa que invade sistemas federais para depois vender dados de autoridades para facções.
Um terceiro suspeito foi preso em Caruaru, Pernambuco. Eles foram detidos preventivamente na Operação I-Fraude. Os mandados foram expedidos para 12ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Distrito Federal.F
A operação teve duas etapas. Na quarta (31), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão para avançar na investigação sobre o grupo que movimentou R$ 10 milhões com a venda de dados pessoais como telefone, endereço e veículos de autoridades federais.
A reportagem apurou que entres as autoridades que tiveram os dados acessados estão o próprio diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do governo.
Segundo a PF, integrantes do grupo invadiam bancos de dados dos sistemas federais e colhiam essas informações. Posteriormente, esses dados eram disponibilizados para consulta em um site criado pelo grupo.
A PF cumpriu, na quarta, 11 mandados de busca em São Paulo, Pernambuco, Rondônia, Minas Gerais e Alagoas, todos expedidos pela 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal.
Os dados estavam disponíveis em um site, ainda no ar até as 16h de quarta, para consulta mediante pagamento. O valor, diz a PF, seria de R$ 30 por acesso.
Na página principal aparecem os dados a serem acessados, com possibilidade de busca por CPF, CNPJ, Carteira Nacional de Habilitação, nome da mãe e informações sobre vacinação de Covid.
“O painel de consulta era oferecido, principalmente, através de plataformas de redes sociais. Existiam diversos planos de mensalidades, de acordo com o número de consultas realizadas. Tal painel contava com aproximadamente 10 mil assinantes com uma média de dez milhões de consultas mensais”, diz a PF.
A PF afirma em nota divulgada sobre a descoberta do grupo que as plataformas de pesquisa de dados pessoais obtidos ilicitamente “fomenta a indústria de intrusão em bancos de dados, em especial de órgãos públicos, incentivando a ação de grupos especializados nesse tipo de crime.”
Caso comprovada a participação dos envolvidos nos crimes, as penas para os crimes investigados podem chegar a 23 anos de prisão.
Redação / Folhapress