BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal pedirá ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes as quebras dos sigilos telemático, bancário e fiscal do autor do atentado na Praça dos Três Poderes, o chaveiro Francisco Wanderley Silva, 59.
A Folha de S.Paulo apurou que os investigadores da PF tentam recuperar os dados celulares e se preparam também para colher novos depoimentos.
A investigação busca identificar se Francisco teve auxílio de outras pessoas ou se teria comunicado o plano do atentado da quarta-feira (13).
Para isso, os policiais devem procurar mensagens e ouvir pessoas que teriam conversado com Francisco antes de ele se explodir.
Um aparelho estava junto ao corpo, e outro foi encontrado em um trailer alugado por ele e que estava estacionado ao lado do carro que foi incendiado próximo a um anexo da Câmara. A PF apreendeu ainda um aparelho com a ex-mulher dele em Rio do Sul (SC), cidade natal de Francisco.
A PF também vai periciar pendrives e um notebook.
O inquérito é conduzido pela divisão de combate ao terrorismo, vinculada à DIP (Diretoria de Inteligência Policial), setor que concentrou inquéritos sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na gestão do diretor-geral Andrei Rodrigues.
A Polícia Federal investiga se há relação de Francisco com algum grupo radical, se ele participou dos atos golpistas de 8 de janeiro ou esteve nos acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército no início de 2023. Um irmão dele afirmou à Folha de S.Paulo que o chaveiro esteve no acampamento, mas não assegurou que ele tenha participado dos ataques.
O cadáver de Francisco foi retirado pelo IML (Instituto Médico Legal) da praça dos Três Poderes no início da manhã de quinta-feira (15). Ele foi levado para INC (Instituto Nacional de Criminalística) da PF, que realiza a autópsia do corpo. Um filho dele mantém contato com os agentes para a liberação.
Horas depois do atentado, equipes da PF e da PM-DF se dirigiram para um apartamento alugado por Francisco na Ceilândia, cidade onde ele gastou R$ 1.545 em fogos de artifício. A residência foi cercada por policiais, que usaram um robô para abrir a porta.
Segundo o diretor-geral da PF, duas explosões ocorreram após os investigadores ingressarem no imóvel. Havia alguns explosivos no interior do apartamento.
Francisco era um chaveiro que foi candidato a vereador pelo PL em 2020 com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul, mas não foi eleito. Antes de morrer, publicou uma série de mensagens sobre o ataque, misturando declarações de cunho político e religioso.
Ex-mulher do chaveiro, a cuidadora Margarete Versino, 57, disse que quando, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a eleição em 2022, ele “elouqueceu”.
Margate se casou com Francisco no final da década de 1980. Eles viveram juntos por 17 anos e tiveram dois filhos. Em depoimento à PF, ela disse não saber se França, como era conhecido, participou dos atos golpistas de 2023.
Segundo ela, a mudança de Francisco para Brasília foi interpretada como uma tentativa de “fugir dos problemas” em Rio do Sul, onde enfrentaria uma separação tumultuada com a segunda companheira, Daiane Dias.
Daiane disse aos policiais que o plano de França era matar o ministro Alexandre de Moraes.
CAIO CRISÓSTOMO / Folhapress