RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Dezenove pinguins da espécie Magalhães que tinham encalhado na costa norte do Rio de Janeiro nos últimos dois meses, foram devolvidos ao mar na sexta-feira (30). Eles estavam debilitados e passaram por tratamento veterinário, antes de serem reintroduzidos na natureza.
Os animais foram soltos a 84 km da costa fluminense, em uma corrente oceânica quente do Atlântico Sul, em direção às colônias reprodutivas da espécie, na região da Patagônia, no Chile e na Argentina.
A ação foi feita pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente), em parceria com a Marinha do Brasil, Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Instituto BW, um centro de recuperação de animais silvestres localizado na cidade de Araruama, na região dos Lagos. Ao todo, a operação mobilizou 42 profissionais, entre civis e militares.
O Grupamento de Navios Hidroceanográficos da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha foi o responsável pelo transporte seguro em alto mar dos animais. A embarcação para a missão foi o Navio AvPq Aspirante Moura (U-14) da Marinha, construído no ano de 1987.
A localização exata do local da soltura foi realizada em parceria com o Inpe, que já auxiliou outras instituições neste mesmo procedimento.
A maioria dos pinguins liberados eram fêmeas, e todos eram jovens, nascidos ainda este ano. Os animais foram recolhidos pelo Projeto de Monitoramento de Praias, da Petrobras.
De acordo com o Inea, os pinguins estavam debilitados, hipotérmicos, com parasitas e apresentando patologias pulmonares. Assim que os animais foram resgatados, receberam cuidados de hidratação, aquecimento e medicação, além de exames laboratoriais e de imagem. Mesmo com o tratamento, alguns não conseguiram sobreviver.
“Acompanhamos todo o processo de reabilitação, desde o seu recebimento até a soltura destes animais que são tão preciosos para a biodiversidade marinha”, disse gerente de Fauna do Inea, Cleber Ferreira. “Estes animais agora têm maior chance de um futuro seguro”, completou.
A presença de pinguins nas praias do sul e sudeste brasileiro é um fenômeno natural e migratório que ocorre durante o inverno. Estudos arqueológicos de sambaquis ao longo da costa do Brasil revelam que eles vêm para a costa brasileira há séculos, antes da colonização portuguesa.
SOBRE A ESPÉCIE
As fêmeas dos pinguins-de-Magalhães colocam dois ovos entre outubro e novembro, sendo que a maioria deles se desenvolve entre meados de novembro e início de dezembro. Depois do nascimento, os pais revezam-se na alimentação dos filhotes durante três a quatro semanas.
Após um mês, os pais vão juntos em busca de alimentos, enquanto os filhotes são deixados sozinhos, começando a formação de grupos de filhotes próximos aos ninhos e sem a presença dos pais.
Os pinguins jovens vão p ara o mar com aproximadamente três meses de idade, permanecendo nele durante cinco anos e indo para o continente apenas para fazer a troca de penas. Após esse grande período ao mar, eles voltam para suas colônias para iniciar seu ciclo reprodutivo.
ALÉXIA SOUSA / Folhapress