SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Piracanjuba, em parceria com o Movimento Mães da Sé, promove um projeto que utiliza IA (Inteligência Artificial) para atualizar e divulgar o rosto de pessoas desaparecidas.
O principal recurso utilizado pela ação está nas caixas de leite da marca, que contam com uma imagem de progressão de idade gerada a partir de Inteligência Artificial. A embalagem do produto também conta com a idade atual, a informação do último local onde a pessoa foi vista, e uma foto antiga do desaparecido.
É possível entrar em contato com a Mães da Sé para notificar o reconhecimento de qualquer um dos desaparecidos por meio deste link.
A divulgação das imagens nos produtos começou em outubro deste ano. No Brasil, essa foi a primeira vez que a ação foi implementada, mas a prática de divulgar os rostos de pessoas desaparecidas em caixas de leite já era conhecida nos Estados Unidos.
Apenas no ano passado, cerca de 80.317 pessoas foram registradas como desaparecidas, número que representa um crescimento de 3,2% com relação ao ano de 2022, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Dessas, 52.970 já foram localizadas.
Até o momento, a campanha não conseguiu encontrar nenhuma das pessoas que estampam as caixas de leite.
Ivanise Espiridião, fundadora e presidente do Movimento Mães da Sé, explica que, infelizmente, ainda existem pessoas que atrapalham a ação, assim, é comum que ligações e e-mails enganosos sejam feitos. “Nessas situações, nós ficamos muito vulneráveis. As pessoas dizem que viram a pessoa, mas não mandam nenhuma indicação de onde o sujeito pode, de fato, estar”.
O primeiro lote da campanha divulgou, ao todo, 19 pessoas. Novos lotes com as imagens de outros indivíduos já estão sendo produzidos, priorizando a imagem de crianças desaparecidas há mais de cinco anos.
Em nota, Lisiane Campos, diretora de Marketing do Grupo Piracanjuba, reforça que a ação busca gerar empatia e contribuir para a busca dessas pessoas. “Esta é uma iniciativa que nos enche de esperança. Os produtos Piracanjuba estão presentes no dia a dia das famílias, acompanhando muitos momentos de união e alegria à mesa. É muito triste o desaparecimento de um membro da família; é algo que afeta a todos”, diz.
MÃES DA SÉ
O Movimento Mães da Sé existe desde 1996 e tem como objetivo ajudar familiares na busca por entes desaparecidos. A entidade foi fundada por Ivanise Espiridião, que também é presidente do grupo, após o desaparecimento de sua filha.
Fabiana Espiridião, então com 13 anos, saiu acompanhada de uma colega que morava a cerca de 300 metros de sua casa. As meninas foram visitar uma amiga que fazia aniversário e, no caminho de volta, se despediram e cada uma seguiu em direção à sua casa. Desde então, Fabiana nunca mais foi vista.
“Eu estou em estado de graça com essa campanha, porque a minha filha também faz parte dela. A foto dela ficou muito parecida e eu chorei muito quando eu vi, mas foi um choro de felicidade. A gente cria uma expectativa de que o próprio desaparecido possa se reconhecer naquela caixa de leite”, afirma Ivanise.
PRODUÇÃO ARTÍSTICA
Hidreley Diao, perito e especialista na técnica de projeção de idade, foi o responsável pela criação das imagens feitas com a Inteligência Artificial. “Quando a IA surgiu, eu percebi seu potencial na arte, e me tornei pioneiro no seu uso para criar imagens e progressões de rostos”, diz.
O processo de criação das imagens envolve um estudo cuidadoso das imagens e, quando necessário, é possível utilizar a foto de familiares para compreender como a pessoa está hoje em dia. O trabalho costuma levar de 4 a 5 horas para ser finalizado e é feito com auxílio de diferentes aplicativos, como o Photoshop. Diao afirma que a IA é utilizada para o refinamento do trabalho e para a formação de resultados mais realistas.
“Embora eu já tenha feito trabalhos maravilhosos e impactantes, este projeto é realmente único e nunca fiz algo tão significativo como este. Ele tem um impacto real na vida das pessoas e toca meu coração profundamente”, afirma o perito.
O QUE FAZER EM CASOS DE DESAPARECIMENTO?
Hidreley Diao e Ivanise Espiridião explicam que o mito de que é necessário esperar 24 horas após o desaparecimento de um familiar para registrar o caso não é verdadeiro.
“A recomendação é que a busca seja iniciada imediatamente, pois as estatísticas mostram que a maioria das pessoas desaparecidas está dentro de um raio de 160 quilômetros do local onde desapareceram. Isso pode ser crucial para encontrar a pessoa mais rapidamente”, destaca Diao.
Para facilitar a procura, é possível encaminhar uma fotografia para a Delegacia de Pessoas Desaparecidas. O arquivo pode ser entregue pessoalmente, pela Internet ou pelo e-mail [email protected].
Nos casos em que a pessoa é encontrada, é obrigatório comunicar o encontro à Delegacia Eletrônica, na opção “Encontro de Pessoa”.
JÚLIA GALVÃO / Folhapress