Planalto confirma demissão de Daniela e indicação de Sabino no Turismo por apoio da União Brasil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) disse nesta quinta-feira (6) que o presidente Lula (PT) vai receber da União Brasil a indicação para o Ministério do Turismo e que o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) assumirá o cargo.

Trata-se da primeira confirmação do governo, publicamente, de que haverá troca na pasta. O imbróglio em torno do Turismo começou há mais de um mês, quando o partido passou a pedir a demissão da atual ministra, Daniela Carneiro.

“O presidente agradeceu a ministra pelo excelente trabalho feito pela recuperação do Turismo no Brasil e pela disposição dela de permanecer contribuindo com o governo no Congresso, com o protagonismo de ser a deputada federal mais votada do Rio de Janeiro”, disse Padilha, em nota.

“O presidente Lula e eu nos reuniremos com o presidente e os líderes do União Brasil, em data a ser definida amanhã, para receber a indicação do deputado Celso Sabino, que vai liderar a pasta do Turismo, dando continuidade ao trabalho pela recuperação de um setor tão importante para a geração de emprego e renda no Brasil”, completou.

Daniela esteve reunida com Lula durante a tarde e havia expectativa de sua demissão ainda nesta quinta. As horas seguintes ao encontro foram marcadas por pronunciamentos desencontrados de ministros palacianos e irritação de parlamentares da União Brasil.

A declaração do ministro da articulação política foi feita após Paulo Pimenta (Secom) dizer a jornalistas que Daniela continuaria no posto. Primeiramente, ele disse que haveria sobrevida de, ao menos, uma semana, porque o governo espera as votações econômicas na Câmara dos Deputados.

Depois, reforçou que a ministra já havia colocado o seu cargo à disposição e tem conhecimento de que a saída é certa.

A manutenção de Daniela no cargo trouxe apreensão à União Brasil, por temor de que o governo tivesse desistido da troca —que já está acordada há semanas, mas ainda não havia sido confirmada.

A ministra tenta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deixar o partido. Por ser deputada, ela precisa de autorização da Justiça para não perder o mandato. Assim, a União Brasil passou a demandar o ministério de volta para o governo.

O marido de Daniela, prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, já concluiu a migração para o Republicanos.

Depois da notícia de que ela continuaria no cargo, uma ala da União Brasil elaborou uma carta pedindo adiamento da votação da reforma tributária na Câmara. O texto tem a assinatura de 38 deputados, mas não a do líder da bancada, Elmar Nascimento (União Brasil-BA).

A nota foi elaborada em reunião entre os deputados minutos após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), afirmar que não havia possibilidade de adiar a votação, prevista inicialmente para começar às 18h.

“Não há possibilidade de adiar a votação. Entendemos que esse tema está seguro, está bastante discutido, não há nenhuma plausibilidade no pedido de adiamento. Quem está aventando essa possibilidade, não creio que votará a favor do tema nem agora nem em agosto”, disse ao chegar à Câmara.

No final da tarde desta quinta, Daniela publicou nas redes sociais foto com Lula. “Sigo ao lado do presidente Lula trabalhando por um Brasil mais digno e justo para todos os brasileiros”, afirmou.

Daniela também chegou a convidar servidores do Turismo para uma reunião às 17h, mas, após ganhar a sobrevida no Planalto, cancelou o encontro, em que deveria fazer um balanço de despedida da pasta.

Em troca pela saída do cargo, Daniela deverá ser nomeada vice-líder do governo no Congresso ou na Câmara dos Deputados.

Além disso, Lula deverá ir ao Rio de Janeiro inaugurar a obra de um instituto federal de ciência e educação ao lado do marido de Daniela e aliado do petista no Rio de Janeiro.

Lula disse nesta quinta que partido não é dono de ministério, é o governo. A declaração foi dada em entrevista ao SBT, gravada pela manhã, mas reproduzida à noite, após o imbróglio envolvendo o Turismo.

“Não é a pessoa que quer vir para o governo que escolhe o cargo. Quem escolhe o cargo é o governo. Se tiver de fazer acordo com partido político, vou dizer tenho tal cargo, tal ministério, pra saber se você quer participar ou não. Senão você não governa”, disse Lula.

“Não é o partido que é dono do ministério, é o governo que é dono do ministério, a escolha é do governo”, completou, ao ser questionado sobre a pressão de partidos do centrão pelo Ministério do Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias (PT).

MARIANNA HOLANDA / Folhapress

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