SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As operadoras de planos de saúde tiveram um lucro líquido de R$ 3,33 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um crescimento de 343% em relação ao mesmo período de 2023.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar.
É o melhor resultado para os três primeiros meses de um ano desde 2019, antes da pandemia de Covid-19, quando o setor registrou resultado positivo de R$ 4,1 bilhões.
“A leitura que temos que fazer desses resultados é de uma recuperação econômico-financeira do setor. Mesmo que não na velocidade pretendida pelas operadoras, mas há um sólido caminho de retomada dos saldos positivos”, disse em nota Jorge Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS.
“Entretanto, é importante não perder de vista que essa recuperação precisa se refletir na garantia e na melhoria dos serviços oferecidos aos beneficiários”.
As empresas têm sido questionadas por desligar unilateralmente clientes e encerrar as vendas de alguns tipos de plano. Neste mês, o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL), anunciou um acordo verbal com as operadoras em que elas se comprometeram a suspender temporariamente o cancelamento de novos contratos coletivos e a rever aqueles que já tinham sido suspensos, em especial, os de pessoas em tratamentos contínuos, como os autistas, com doenças raras e pacientes oncológicos.
Em troca, as operadoras discutem com Lira novas regras para o setor, entre elas, a criação de uma modalidade de plano de saúde que só dá direito a consultas e exames, além de novas diretrizes para as terapias voltadas ao autismo.
Outra demanda do setor é a criação de uma lei que estabeleça compartilhamento de risco com as farmacêuticas em casos de medicamentos que custam na casa de milhões de reais e que, uma vez incluídos no rol da ANS.
Segundo a ANS, o desempenho finaceiro positivo pode ser observado em todos os segmentos.
As operadoras exclusivamente odontológicas registraram lucro líquido e R$ 187,9 milhões; as médico-hospitalares, de R$ 3,07 bilhões; e as administradoras de benefícios, de R$ 66,4 milhões.
A sinistralidade, indicador que explica o desempenho das operadoras médico-hospitalares, registrou no 1° trimestre de 2024 um índice de 82,5%, 4,7 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período de 2023.
A taxa representa a porcentagem das receitas das mensalidades que são utilizadas com despesas assistenciais.
Segundo a ANS, a tendência de baixa decorre do maior crescimento das mensalidades em relação às despesas por beneficiário, o que sugere que o setor passa por um período de reorganização de contratos.
No início do mês, a agência anunciou um reajuste anual máximo de 6,91% para os planos de saúde individuais e familiares no país. O teto é válido de maio de 2024 a abril de 2025.
O reajuste, no entanto, não envolve os planos de saúde coletivos, sejam eles empresariais ou por adesão (contratados por meio de sindicatos e associações), que respondem pela maior parte do mercado.
Os 8,7 milhões de usuários que serão atingidos pela mudança representam 17,2% dos 51,1 milhões de consumidores dos planos.
Redação / Folhapress