SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de alunos de uma escola estadual em Santos, na Baixada Santista, foi alvo de spray de pimenta lançado por policiais militares durante uma manifestação que teve início na manhã desta terça-feira (19).
O ato dos estudantes da Doutor Antônio Ablas Filho, no bairro Aparecida é em defesa da educação, segundo uma publicação em perfil criado para divulgar a ocupação em uma rede social. “Não vamos permitir que nossas escolas sejam sucateadas, estejam sendo vendidas pelo governador”, diz um trecho do texto.
Os manifestantes também afirmam protestar contra mudanças na grade do ensino médio, a militarização do ensino, com o anúncio da implantação das escolas cívico-militares no estado, e a terceirização da gestão de novas escolas, iniciada com leilões de lotes de construção e manutenção no último mês. As medidas são conduzidas pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em relação à própria escola, manifestantes pedem a conclusão da instalação de ar-condicionado, a reforma da quadra poliesportiva e a contratação de ao menos dois inspetores.
Um vídeo feito dentro da escola mostra quando um grupo de estudantes está reunido em uma área externa da unidade. Uma dupla de PMs passa por eles e é possível ver uma cortina de spray. De acordo com os manifestantes, estudantes chegaram a se sentir mal devido o gás pimenta lançado.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que a Polícia Militar foi chamada por volta das 9h30 para atender a uma manifestação em uma instituição de ensino na avenida Bartolomeu de Gusmão.
“Os alunos formaram barricadas na quadra da escola e foi usada munição química para dispersá-los. Não há feridos e a polícia está à disposição da direção escolar para auxiliar na negociação com os estudantes.”
A Secretaria da Educação declarou que a escola foi desocupada pelos estudantes após uma reunião com a gestores da unidade e que não houve registro de feridos ou dano ao patrimônio. “Os alunos apresentaram um documento com reivindicações que serão analisadas e respondidas. Os conteúdos pedagógicos serão repostos e as aulas acontecem normalmente na quinta-feira (21)”, diz a nota da pasta.
Segundo a deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha, conhecida como Professora Bebel (PT), os estudantes rejeitam as mudanças.
“A ocupação das escolas pelos estudantes no estado de São Paulo tem sido uma luta recorrente, exatamente porque eles têm consciência de qual escola eles querem. Eles não querem uma escola arrebentada, não querem um currículo rebaixado e estão fazendo essa luta mesmo porque têm consciência de que se eles não lutarem conosco, que somos os professores, o caminho será a privatização total da educação”, diz a parlamentar, que também é a segunda presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress