SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um idoso de 70 anos, que não teve a identidade revelada, foi morto por um policial militar na tarde desta terça-feira (7) em uma rua no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
Segundo a assessoria de imprensa da corporação, policiais militares do 8° Batalhão de Polícia Militar Metropolitano realizavam patrulhamento quando suspeitaram de dois homens que estavam em uma motocicleta trafegando pela rua Platina. No momento da abordagem houve um disparo.
O tiro acertou o idoso, que estava na calçada e nada tinha a ver com a abordagem. O socorro chegou a ser acionado, mas o homem morreu.
O autor do disparo, que não teve a identidade e nem a patente reveladas, afirmou aos seus superiores que o disparo foi acidental. Ele foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.
A Polícia Militar afirmou, por meio de nota, que lamenta a morte do homem.
“A Instituição destaca que segue rigorosos protocolos operacionais e mantém treinamentos constantes para aperfeiçoar as técnicas de abordagem. Quando ocorrem falhas, a corporação não hesita em tomar as medidas cabíveis, incluindo a punição dos seus agentes e revisão dos protocolos para evitar que erros sejam cometidos”, diz trecho.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública declarou que um Inquérito Policial Militar foi instaurado e a instituição adotará todas as medidas cabíveis diante dos fatos.
As notas encaminhadas pela SSP e pela PM não citam registro da ocorrência na Polícia Civil.
A morte do idoso por um tiro acidental disparado por um policial militar não foi a primeira no ano.
O atendente de farmácia Luan dos Santos, 32, foi morto durante uma abordagem na rodovia Anchieta, em Santos, na Baixada Santista, em 16 de fevereiro. Luan seguia de moto na companhia de amigos para o litoral.
De acordo com a versão do policial que consta do boletim de ocorrência, ele atirou uma única vez e de forma acidental.
O condutor da moto em que Luan estava teria freado, e o motorista do carro da polícia também, de acordo com o PM. A parada brusca, ainda segundo o oficial, gerou trepidação na viatura e o acionamento do gatilho de forma acidental.
Porém, o médico-legista Riscalla Brunetti Cassis afirmou em seu laudo que o “examinado foi atingido por dois projéteis disparados por arma de fogo”.
O profissional disse ter observado uma entrada na região lateral do lado esquerdo de tórax, causando fratura de arcos costais, ferimentos pérfuro-contundentes transfixantes em pulmão esquerdo, coração e pulmão direito, saindo na região anterior do lado direito de tórax.
Outra lesão ocorreu na região anterior do antebraço direito, provocando fratura exposta de ossos e saindo em região posterior do antebraço.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que o caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios da Deic de Santos, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar.
A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) desmentiu o documento do IML. “O laudo pericial foi concluído e apontou que o suspeito apresentou duas perfurações, e não dois disparos, como afirma a reportagem.”
Maicon dos Santos, 28, irmão de Luan, reiterou que o laudo aponta inconsistências do caso. “Até então, o policial tinha dito que foi disparo acidental, mas como podemos ver, ele atirou duas vezes no meu irmão. Como pode um policial bem treinado atirar duas vezes por acidente? Nós só queremos justiça.”
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress