PM mata jovem negro na frente da mãe em São Vicente

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um jovem negro foi morto por policiais militares na frente da própria mãe, em São Vicente, no litoral de São Paulo, no domingo (8).

Vinícius Fidelis Santos de Brito, 24, foi morto a tiros dentro de uma casa na comunidade. Vídeo gravado por moradores e divulgado nas redes sociais mostra a mãe do jovem, Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos, do lado de fora da residência pedindo para que os agentes a deixem entrar.

“Pelo amor de Deus, deixa eu entrar. Eu sou a mãe dele! Vocês estão matando meu filho, gente, deixa eu entrar”, é possível ouvir a mulher dizer.

Imagens mostram quando um PM sai da casa armado com um fuzil. O militar faz gesto para que Rosemeire entre na casa de um vizinho e, instantes depois, tiros são disparados.

Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que o caso é investigado. Conforme a SSP, o jovem teria morrido durante “um patrulhamento seguido de troca de tiros com homens que abandonaram uma sacola com drogas durante a perseguição”.

SSP-SP também afirmou que as imagens feitas por moradores “serão analisadas”. “Foram apreendidas uma arma e porções de drogas com o rapaz que fugiu para um imóvel. As armas dos policiais também foram apreendidas para a perícia”, completou.

Ouvidor da polícia do estado de São Paulo, Claudinho Silva disse que “providências foram tomadas”. O UOL entrou em contato com Silva para pedir mais detalhes e aguarda retorno.

Moradores relataram que os policiais entraram na comunidade aos gritos de “Derrite”, em referência ao secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, segundo o co-fundador da Uneafro Brasil, Douglas Belchior. “A polícia de São Paulo está sem freio, descontrolada, com autorização e estímulo de seus comandantes para matar”, disse o ativista em postagem no Instagram. A SSP-SP não se manifestou sobre os relatos dos moradores.

VIOLÊNCIA POLICIAL

Diversos casos de violência policial em São Paulo dominaram a imprensa nos últimos dias. No domingo (1º), um PM jogou um homem de uma ponte na zona sul da capital paulista durante abordagem. O agente foi preso na manhã desta quinta e será expulso da corporação.

Na quarta (4), uma idosa e seu filho foram agredidos por um policial em Barueri. No dia 20, o universitário Marco Acosta foi morto por um PM na Vila Mariana. Em 5 de novembro, um menino foi morto durante uma operação em Santos. Dois dias antes, um jovem foi morto com 11 tiros por um PM de folga.

São Paulo teve 580 mortes cometidas por agentes de segurança até setembro. O número é o maior desde 2020, quando houve 824 mortes e o uso de câmeras corporais foi adotado pela PM. Em 2024, 552 das 580 mortes contabilizadas foram cometidas por policiais militares.

A PM de São Paulo matou uma pessoa a cada dez horas neste ano. Levantamento do UOL com base em dados da Secretaria da Segurança Pública mostra que o número é mais que o dobro do que o de 2022, ano anterior à gestão de Tarcísio.

Governador paulista admite que deu “direcionamento errado” para a PM. O político do Republicanos reconheceu que o discurso dele influencia o comportamento dos agentes da Polícia Militar, envolvidos em uma série de violações na segurança do estado.

Redação / Folhapress

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