SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em março de 2021, Matheus de Quadros, 18, foi vítima de um golpe. Viajou 20 horas de ônibus de Gravataí (RS) a São Paulo para descobrir que seu grande amor virtual não existia. Ficou três dias dormindo no terminal rodoviário Tietê e só conseguiu voltar para casa com ajuda de policiais militares, como mostrou reportagem publicada pela Folha de S.Paulo à época.
Entre os PMs que ajudaram o rapaz estava a soldado Tamires Borges, que participou de uma vaquinha de R$ 500 para a compra da passagem de ônibus e de alimentos para Quadros voltar à terra natal.
A soldado então ganhou da PM a Medalha do Mérito Comunitário por apoiar uma pessoa que precisava de ajuda.
“São atitudes como essa que enobrecem o bom nome da nossa gloriosa Polícia Militar do Estado de São Paulo”, diz trecho de mensagem publicada pela PM nas redes sociais, na ocasião.
Tamires é a mesma policial que se recusou a ajudar um jovem que era agredido e ameaçado por um homem armado do parque da Juventude, ao lado da estação Carandiru do metrô, na zona norte de São Paulo, no último domingo (12).
Toda a cena foi gravada em vídeo. Nas imagens, a policial diz que está de folga, embora fardada, e fica com os braços cruzados diante das agressões. Além de negar ajuda, ela chega a chutar o rapaz vítima das agressões. “Eu estou de folga, o procedimento é ligar 190 e pedir viatura”, tenta justificar ela, após ser questionada, conforme registrado no vídeo.
Policiais militares ouvidos pela reportagem afirmam que Tamires errou e que não há justificativas para o comportamento dela. Afirmam, porém, que ela teria sido omissa porque sabia que o homem armado era um policial civil e que ele ameaçando o jovem que havia tentado furtar o celular dele.
Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirma que o homem que aparece armado é um policial civil.
“A Polícia Civil, a partir do momento que tomou conhecimento do vídeo, instaurou inquérito policial e identificou o homem armado, que se trata de um investigador de polícia. A Corregedoria foi acionada e apura o caso”, diz a SSP, em nota.
Ainda segundo a pasta, “a policial militar que aparece nas imagens foi identificada e está afastada dos serviços operacionais até a conclusão do Inquérito Policial Militar”.
“A atitude é considerada grave, uma vez que não condiz com os procedimentos operacionais e preceitos fundamentais da Instituição. Todo policial militar deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço”, afirma a nota.
ROGÉRIO PAGNAN / Folhapress