Polícia apura se consumo de álcool e drogas em casa antecedeu tiroteio nos Jardins

Saladino sócio da Biofast Diagnóstico S.A. Foto: Abramed/Divulgação

A investigação sobre a morte de três pessoas no último sábado (16) na região dos Jardins, em São Paulo, indica que a tragédia ocorreu por um mal-entendido, após um almoço com elevado consumo bebidas alcoólicas.

Conforme documentos obtidos e policiais ouvidos pela Folha de S.Paulo, o empresário Rogério Saladino dos Santos, 56, morto no confronto com a polícia, organizou um almoço do qual participaram mais seis pessoas, dentre elas a namorada e o filho dele, de 15 anos.

“Nesse almoço houve grande consumo de bebidas alcoólicas. […] A área do quintal, na porção posterior da casa, com a piscina, tinha diversas garrafas e copos contendo bebidas alcoólicas”, diz documento.

A reunião teve início por volta das 11h e terminava por volta das 17h. Os investigadores acreditam que um dos principais assuntos do almoço foi o furto na casa vizinha, ocorrido na noite anterior, quando criminosos invadiram a casa e levaram vários pertences da propriedade, entre eles um veículo.

A mesma residência, grudada à casa de Santos, também havia sido alvo, meses atrás, de criminosos que invadiram o local realizaram um roubo. Nessa ação, pessoas ficaram refém do grupo.

Foi dentro da investigação do furto da véspera que os policiais civis Milene Bagalho Estevam e Felipe Wilson da Costa foram até o local, quando o almoço de Santos estava se encerrando. Conforme relato da polícia, a dupla seguiu em direção à casa do empresário em busca de imagens de câmeras de segurança que pudessem ajudar no inquérito.

Falaram inicialmente com o vigia da rua, Alex James Gomes Mury, que após conversar com outro segurança, decidiu falar com o proprietário da casa, para explicar a demanda da dupla que aguardava na calçada.

Foi nesse momento que Santos, acreditando que os investigadores fossem falsos policiais, pegou o armamento que tinha casa, uma pistola calibre .45, e outra calibre .380, e seguiu em direção ao portão principal da casa.

Já ao sair do imóvel, o empresário fez dois disparos para o alto, com objetivo de afugentar as pessoas que acreditava ser ladrões. Na sequência, abriu o portão automático e atirou contra os policiais.

Três disparos atingiram a investigadora, segundo registros. Dois deles no braço e um deles na axila, todos no lado direito do corpo. Na sequência, o investigador Felipe Costa passou a atirar contra o empresário, que caiu atingido no tórax.

Mury também teria tentado pegar a arma do dono da casa e acabou também baleado pelo investigador.

Atingido no ombro direito, o vigia morreu no local. As outras vítimas chegaram a ser socorridas, mas morreram a caminho do hospital.

Conforme policiais ouvidos pela reportagem, uma linha de investigação da polícia é a possível combinação de álcool com outros entorpecentes. Os investigadores acreditam nessa possibilidade porque a polícia encontrou drogas (maconha, haxixe e drogas sintéticas) na casa do empresário.

A polícia solicitou exames para identificar se o uso de drogas foi, de fato, feito. O laudo ainda não tem data prevista para ser entregue, mas peritos ouvidos por investigadores indicaram a possibilidade de o resultado ser positivo.

O funeral da investigadora, realizado na tarde deste domingo (17) no Crematório da Vila Alpina, zona leste da capital, foi marcado pela presença emocionada de colegas da polícia.

ROGÉRIO PAGNAN / Folhapress

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