Polícia apura se uso de herbicida glifosato envenenou 40 cães no RJ

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil apura se o uso do herbicida glifosato foi o responsável pelo envenenamento de 40 cães no bairro Jardim Oceânico, na zona oeste do Rio de Janeiro. Pelo menos sete cães morreram com sinais de intoxicação no período de um mês na região.

O uso do herbicida foi apontado em depoimento de três tutores que procuraram a DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) nesta segunda (10) para registrar a morte de seus cachorros. Um quarto registro foi realizado de forma online.

A tutora Izabela Junqueira afirmou aos investigadores que já alertou síndicos do bairro sobre os riscos do uso de herbicida em jardins e de cloro puro para a lavagem das calçadas. Ela teve seu bulldog francês de 14 anos internado por uma semana por intoxicação após um passeio na região.

Os outros tutores também afirmaram à polícia que desconfiam do uso do herbicida por funcionários de condomínios do Jardim Oceânico. Eles teriam o hábito, segundo os relatos, de borrifar o produto para evitar a proliferação de mato.

A polícia irá chamar funcionários de condomínios para prestar depoimento e analisa imagens de câmeras de segurança das ruas do bairro.

O herbicida foi descoberto em 1970, e é usado para eliminação as ervas daninhas.

A utilização do produto concentrado para jardinagem é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), devendo ser utilizada a dosagem de 1% na diluição. Em concentração errada, o herbicida pode ser prejudicial à saúde.

O litro do produto é vendido em lojas e pela internet por cerca de R$ 40. No seu rótulo há o alerta de perigo para caso seja “ingerido, inalado ou absorvido pela pele”.

O glifosato mata a maioria dos vegetais, por isso seu uso na agricultura se popularizou associado a culturas geneticamente modificadas para resistir ao princípio ativo.

A veterinária Jéssica Monteiro, que chegou a atender um dos cachorros com sinais de intoxicação, explica que o herbicida é muito agressivo para os animais e pode causar a morte.

“É um produto com potencial erosivo, então ele leva o paciente a evoluir para úlceras esofágicas, gástricas, vômitos, diarreias com presença de sangue. Pode ainda afetar a parte neurológica, causar convulsões e choque cardiogênico”, disse.

No sábado (8), a Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana do Rio) fez uma operação de limpeza nas ruas do Jardim Oceânico para eliminar produtos químicos que possam ter provocado a morte dos cães.

O crime de maus-tratos a animais, quando se trata de cães ou gatos, pode ser punido com dois a cinco anos de prisão, multa e proibição da guarda. Caso o crime resulte na morte do animal, a pena pode ser aumentada em até um terço.

BRUNA FANTTI / Folhapress

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