SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur José Dian, vai afastar agentes e policiais civis citados na delação de Antônio Vinicius Gritzbach, empresário executado na semana passada no Aeroporto de Guarulhos.
Empresário e corretor de imóveis, Gritzbach era acusado de lavar dinheiro para integrantes do PCC, e de ser o mandante do assassinato de um de seus dirigentes. Ele tinha firmado um acordo de colaboração com o Ministério Público de SP em que citava policiais civis de SP envolvidos com a criminalidade. Dizia também ter sido vítima de extorsão por parte deles.
Além da Polícia Civil, a PM de SP também está na berlinda. A instituição afastou policiais que faziam a escolta privada do criminoso e delator. Eles são investigados sob suspeita de terem colaborado com a execução.
O promotor paulista Lincoln Gakiya afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que Gritzbach revelou em seus depoimentos ao Ministério Público de São Paulo situações de extorsão e ameaças feitas a ele por policiais, além do envolvimento de agentes de segurança com criminosos. Mais ainda: afirmou que o colaborador denunciou os policiais para a Corregedoria da Polícia Civil, e nada aconteceu.
“Ele já tinha ido até a Corregedoria [da Polícia Civil para denunciar extorsões de policiais] e não deu nada. O caso foi arquivado. Foi quando ele veio nos procurar para propor a delação, já com mais provas de que havia sido alvo de extorsão e ameaçado”, revelou o promotor à Folha de S.Paulo.
“No curso da investigação do homicídio [de Cara Preta], roubaram relógio, imóveis, pediram dinheiro, e ele tinha provas de parte disso. Inclusive ele acusava a polícia de ter apagado, dentro da delegacia, os dois celulares dele apreendidos porque eles continham conversas com policiais”, disse ainda o promotor.
Para piorar, há suspeitas de que a delação de Gritzbach chegou ao conhecimento dos policiais que ele denunciava.
“Há dez dias, ele esteve na Corregedoria, junto com colegas do Ministério Público, porque parte da delação envolvia policiais. E ele havia reclamado que esse depoimento teria vazado porque um dos policiais suspeitos que aparece com o relógio dele [Gritzbach] numa foto na rede social, no mesmo dia, retirou a foto da internet”, diz o integrante do Ministério Público.
Gritzbach fez o relato a promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
MÔNICA BERGAMO / Folhapress